EXCESSO
DE POESIA
Ia todos os dias à
biblioteca e todos os dias era o primeiro a chegar. Pedia um livro de poesia e
sentava-se de frente para a entrada, lendo e fantasiando. Sempre que a porta se
abria, descolava disfarçadamente os olhos dum poema e observava quem entrava.
Andou nisto anos a fio, entre versos, rimas e sonhos, procurando a mulher da
sua vida. Quando a encontrou perdeu-a e em poucos minutos.
Na realidade, não
teve prosa para ela.
Fernando Gomes, Primeira antologia de micro-ficção
portuguesa

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