24/03/2015

POESIA



EXCESSO DE POESIA

   Ia todos os dias à biblioteca e todos os dias era o primeiro a chegar. Pedia um livro de poesia e sentava-se de frente para a entrada, lendo e fantasiando. Sempre que a porta se abria, descolava disfarçadamente os olhos dum poema e observava quem entrava. Andou nisto anos a fio, entre versos, rimas e sonhos, procurando a mulher da sua vida. Quando a encontrou perdeu-a e em poucos minutos.
   Na realidade, não teve prosa para ela.


Fernando Gomes, Primeira antologia de micro-ficção portuguesa

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