Ficar a ver navios é uma expressão muito usada na língua portuguesa e tem uma origem curiosa.
O general Junot, naquele novembro de 1807, soube que a corte portuguesa se preparava para partir para o Brasil, para não se render. Junot precisava de impedir essa partida, pelo que tinha de chegar a Lisboa o mais depressa possível.
Em Abrantes, transformou em estábulo a Igreja de Santo António, fazendo dos altares manjedouras, e intimou o juiz de fora a fornecer-lhe 12 mil jantares e outros tantos pares de sapatos. (...) Também todos os alfaiates da região foram mobilizados para passajarem as fardas do esfarrapado Grande Exército, ou pelo menos umas quantas, que permitissem à vanguarda mostrar-se apresentável em Lisboa.
Recebido pela Junta de Regência, Junot entrou triunfante em Lisboa, pois D. João e os seus ministros jogaram até ao fim com um pau de dois bicos. O general soube, então, que a corte tinha embarcado na véspera. Dirigiu-se para o Alto de Santa Catarina de onde avistou, para os lados da Barra, a frota a afastar-se. Junot ficou a ver navios...
O texto transcrito pertence à obra História não oficial de Portugal, de Luís Almeida Martins, a que voltaremos, certamente.
Parece-me mais provável do que as explicações no "Dicionário dos Insultos", de Sérgio Luís de Carvalho. Se te recordas, aponta duas hipóteses: os navios que não chegaram para levar os judeus para o exílio, no período da Inquisição e os sebastianistas que se "plantaram" durante anos no Alto de Santa Catarina à espera de D. Sebastião...
ResponderEliminarMili
Obrigada por nos seguires e por alimentares estas dúvidas - é essa a função deste blogue - apresentar curiosidades, homenagear pessoas e relembrar factos, para não entrarem no esquecimento. São sempre de difícil explicação estes assuntos, o que os torna fascinantes. Também prefiro esta explicação. O certo é que, infelizmente em muitos casos, continuamos a ver navios...
EliminarObrigada por nos seguires e por alimentares estas dúvidas - é essa a função deste blogue - apresentar curiosidades, homenagear pessoas e relembrar factos, para não entrarem no esquecimento. São sempre de difícil explicação estes assuntos, o que os torna fascinantes. Também prefiro esta explicação. O certo é que, infelizmente em muitos casos, continuamos a ver navios...
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