Bombardeados com "o casamento do ano", recordamos uma passagem de Galveias, de José Luís Peixoto:
Assim que os pais dela souberam do namoro por uma irmã gaiata, ajudaram-na a arrumar o que possuía no interior de um lenço dobrado. Com dezassete, já estava casada. Justino ainda não era velho, acabara de fazer dezanove. Tinham passado cinquenta e oito anos sobre a manhã em que se apresentaram para casar: ele com um penteado à custa de muita brilhantina e muito pente, de gravata e fato novo, feito à medida num dos alfaiates que Galveias tinha nesse tempo, o saudoso mestre Pinho; ela com um vestido emprestado pela mãe dele. Casaram-se no senhor Jalisco, que tinha uma loja de papéis e artigos finos, onde registava crianças, fazia escrituras e casava aqueles que não queriam complicações com a Igreja. A família da noiva não armou a carroça para se lançar no caminho até Galveias. O pai do noivo teve de tratar do gado. A mãe e o irmão dele, sogra e cunhado dela, foram os únicos convidados e testemunhas de lei, compenetram-se nas assinaturas. (...) A seguir, foram bater à porta do ti Pedro Janeiro, que Deus o tenha, o pai do Joaquim Janeiro. Iam com a ideia de lhe pedirem para tirar um retrato. Levavam o dinheiro contado mas, nesse dia, o homem tinha a máquina variada.
A BE empresta.
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