Ontem revi
um dos clássicos do cinema francês: A
Regra do Jogo, de Jean Renoir. Obra sublime que influenciou os autores da Nouvelle Vague, de Jean-Luc Godard a
François Truffaut e que continua a ser uma referência para quem ama o cinema. Mais: impressionante a atualidade deste filme que a
cada cena nos remete para o momento que vivemos. Devia ser de leitura obrigatória para a classe política.
Renoir disse que queria ‘um filme sobre uma sociedade que dança sobre um
vulcão’, exatamente o que sentimos nesta Europa. Conseguiu-o e que bem: com
ironia, a partir daquelas personagens,
senhores e lacaios, num jogo de imitação, Renoir mostra a decadência da
sociedade francesa, revelando as redes de mentiras, metáfora da hipocrisia que conduziu
à Segunda Guerra Mundial.
A influência
do pai, o
pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir, também se faz sentir, no cuidado
técnico, na leveza dos movimentos da câmara, na profundidade inovadora dos
planos, na importância de filmar com luz natural.
Algumas curiosidades
sobre A Regra do Jogo:
o realizador
interpreta também a personagem Octave;
a estreia
foi um desastre, Renoir foi muito criticado pela forma irónica como retratou a
sociedade francesa;
alguns dos
negativos originais do filme foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial
e só foram recuperados em1959;
grande parte do
guarda-roupa foi da responsabilidade da Maison Coco Chanel.
Próxima
etapa: ler Pierre-Auguste Renoir, meu Pai,
de Jean Renoir.
Olinda Parra
Muito interessante a análise do filme e sobretudo a intemporalidade dos contextos político-sociais... Com certeza que a classe política deveria agir, pensar e refletir sobre os diversos contextos históricos que os precederem, daí a leitura obrigatória!
ResponderEliminarParabéns pelo artigo Mili.
Obrigada, Flora. Aproveito as férias para rever muitos dos clássicos e fico sempre com a impressão que devíamos aproveitar estes excelentes recursos em Educação para a Cidadania, por exemplo. O caso sempre actual de "Citizen Cane", feito quando Orson Welles tinha apenas 25 anos. É obra, não achas?
ResponderEliminarMili