01/08/2015

FAZ-SE LUZ... A PRETO E BRANCO

  Ontem revi um dos clássicos do cinema francês: A Regra do Jogo, de Jean Renoir. Obra sublime que influenciou os autores da Nouvelle Vague, de Jean-Luc Godard a François Truffaut e que continua a ser uma referência para quem ama o cinema. Mais:  impressionante a atualidade deste filme que a cada cena nos remete para o momento que vivemos. Devia ser de leitura obrigatória para a classe política. Renoir disse que queria ‘um filme sobre uma sociedade que dança sobre um vulcão’, exatamente o que sentimos nesta Europa. Conseguiu-o e que bem: com ironia,  a partir daquelas personagens, senhores e lacaios, num jogo de imitação, Renoir mostra a decadência da sociedade francesa, revelando as redes de mentiras, metáfora da hipocrisia que conduziu à Segunda Guerra Mundial.
  A influência do pai, o pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir, também se faz sentir, no cuidado técnico, na leveza dos movimentos da câmara, na profundidade inovadora dos planos, na importância de filmar com luz  natural. 


  Algumas curiosidades sobre A Regra do Jogo:
  o realizador interpreta também a  personagem Octave;
 a estreia foi um desastre, Renoir foi muito criticado pela forma irónica como retratou a sociedade francesa;
 alguns dos negativos originais do filme foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial e só foram recuperados em1959; 
 grande parte do guarda-roupa foi da responsabilidade  da Maison Coco Chanel.

  Próxima etapa: ler Pierre-Auguste Renoir, meu Pai, de Jean Renoir.
Olinda Parra

2 comentários:

  1. Muito interessante a análise do filme e sobretudo a intemporalidade dos contextos político-sociais... Com certeza que a classe política deveria agir, pensar e refletir sobre os diversos contextos históricos que os precederem, daí a leitura obrigatória!
    Parabéns pelo artigo Mili.

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  2. Obrigada, Flora. Aproveito as férias para rever muitos dos clássicos e fico sempre com a impressão que devíamos aproveitar estes excelentes recursos em Educação para a Cidadania, por exemplo. O caso sempre actual de "Citizen Cane", feito quando Orson Welles tinha apenas 25 anos. É obra, não achas?
    Mili

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