20/01/2016

DON SEBASTIEN, ROI DE PORTUGAL

                                       
 O Desejado, o Encoberto, o que levou o reino ao desastre de Alcácer Quibir e ao interregno da independência, D. Sebastião, nasceu a 20 de janeiro de 1554. O mito do seu desaparecimento percorreu séculos, sendo tema de livros, peças de teatro, filmes e de uma ópera, de que aqui reproduzimos um excerto.
 Donizetti, a partir de um libreto de Eugène Scribe, baseado numa peça de Paul Foucher, compôs a ópera Dom Sebastien, roi de Portugal, com estreia a 9 de novembro de 1838.

  Ainda hoje, há quem espere por um D. Sebastião qualquer que irá resolver todos os problemas, mas, como diz Manuel Alegre, É preciso enterrar el-rei Sebastião.
  Abaixo el-rei Sebastião

  É preciso enterrar el-rei Sebastião
  é preciso dizer a toda a gente
  que o Desejado já não pode vir.
  É preciso quebrar na ideia e na canção
  a guitarra fantástica e doente
  que alguém trouxe de Alcácer Quibir.

  Eu digo que está morto.
  Deixai em paz el-rei Sebastião
  deixai-o no desastre e na loucura.
  Sem precisarmos de sair o porto
  temos aqui à mão
  a terra da aventura.

  Vós que trazeis por dentro
  de cada gesto
  uma cansada humilhação
  deixai falar na vossa voz a voz do vento
  cantai em tom de grito e de protesto
  matai dentro de vós el-rei Sebastião.

  Quem vai tocar a rebate
  os sinos de Portugal?
  Poeta: é tempo de um punhal
  por dentro da canção.
  Que é preciso bater em quem nos bate
  é preciso enterrar el-rei Sebastião.                         

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