O Desejado, o Encoberto, o que levou o reino ao desastre de Alcácer Quibir e ao interregno da independência, D. Sebastião, nasceu a 20 de janeiro de 1554. O mito do seu desaparecimento percorreu séculos, sendo tema de livros, peças de teatro, filmes e de uma ópera, de que aqui reproduzimos um excerto.
Donizetti, a partir de um libreto de Eugène Scribe, baseado numa peça de Paul Foucher, compôs a ópera Dom Sebastien, roi de Portugal, com estreia a 9 de novembro de 1838.
Ainda hoje, há quem espere por um D. Sebastião qualquer que irá resolver todos os problemas, mas, como diz Manuel Alegre, É preciso enterrar el-rei Sebastião.
Abaixo el-rei Sebastião
É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na vossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
Sem comentários:
Enviar um comentário
COMO PODES COMENTAR?
1º Escreve o teu comentário ou sugestão.
2º Identifica-te.
3º Selecciona o perfil "Anónimo".
4º Clica em "Enviar comentário"
Atenção: todos os comentários são moderados - não serão publicados os comentários ofensivos ou com erros ortográficos.