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Deita gatos - Collectus |
Este postal fez-nos lembrar que Gatos ... há muitos. Quem ainda se lembra dos homens que percorriam as aldeias a consertar guarda-chuvas, a deitar pingos nas panelas e a remendar a louça partida? Muito, muito poucos.
Como garras de gatos, as rachadelas da louça agarravam as partes desavindas, como nesta imagem.
Processo um pouco deselegante, mas que permitiu que muitas peças valiosas chegassem até nós e estejam agora nos museus.
Segundo o blogue Velharias do Luís, a operação era assim executada:
Este trabalho era normalmente feito pelos amoladores galegos que andavam de terra em terra. (...) Usavam umas brocas manuais, que se assemelhavam a uns arcos, para perfurar a loiça, fazendo furinhos oblíquos, mas mesmo assim, era um trabalho difícil e de grande precisão, pois conseguiam uma junção perfeita das partes, que impedia que os líquidos vertessem. Segundo o meu pai, estes amoladores usavam também uma cola feita de clara do ovo, que era altamente resistente ao vapor e humidades.
Fernando Pessoa recorda-nos o deita gatos que apenas consegue remendar pratos...
Ó rapaz que deita gatos,
Deitas gatos só em pratos,
Só em tachos e tigelas,
Ou deitas gatos também
Nas almas e no que há nelas
Que as quebra em mal e em bem?
Ah, se, por qualquer magia,
As tuas artes subissem
Àquela melhor mestria
De pôr gatos que se vissem
Nesta alma que se quebrou
No que sonho e no que sou!
Então...Qual então! Que tratos
Dei a um poema que surgiu!
Só consertas, só pões gatos
No inteiro que se partiu.
O que partido nasceu
Nem tu consertas nem eu.
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