20/11/2011

Ler o ... AZUL

PROJECTO LEITURAS - LER AS CORES
AZUL


(baseado em A pega azul, Clara Pinto Correia)

Foi assim…
De repente tudo ficou em branco…
E apareceu o vazio. Depois reparei que a Dulcinha aparecera a cerca de cinco metros de mim, no meio de uma espécie de chão florescente com as cores do arco-íris com mais ou menos dois metros de largura. Eu fui lentamente com as minhas pequenas e leves asas a voar até ela. Quando lá cheguei, reparei que o seu pé voltou ao normal, tentei acordá-la e ela, num sobressalto, despertou e perguntou:
-O que se passa? Onde estamos? Quem és tu?
Eu interrompi-a:
- Espera! Isso são demasiadas perguntas para uma criança; daqui a pouco explodias. Agora faz as perguntas lentamente.
Ela perguntou:
- Onde é que estou?
- Nós estamos na tua mente, mais precisamente nas tuas memórias, sonhos e pesadelos – respondi eu.
- E tu, quem és?
- Eu sou a tua fada-madrinha; não reparaste em mais nada?
- Não!
- Olha para o teu pé!
- O meu inchaço desapareceu, mas como?
- Os teus sonhos devem dominar aqui. Levanta-te!
A Dulcinha, com uma incrível velocidade, levantou-se. Então, começou a andar e eu a voar. Fomos falando, até que a sua mente começou a construir uma rua com casas alegres de cores acolhedoras. Então eu comentei:
- Tens um excelente controlo da tua mente.
- Imaginação e clareza - retificou Dulcinha.
- Porque queres amputar o pé?
Ela ficou em silêncio; as casas que eram alegres, começaram nesse momento a ser sombrias como se tivessem um espírito maligno a penetrar na sua estrutura; na rua começaram a aparecer cobras e outros animais assustadores e perigosos. Próximo de nós começou a aparecer uma densa floresta de relâmpagos ofuscantes e trovões ensurdecedores. Nós entramos na floresta. E exatamente quando o maior, mais estrondoso e mais ofuscante relâmpago me ia atingindo, eu fechei os olhos e coloquei os meus braços pequeninos à frente da minha cara e…PUF. Tudo desapareceu como por magia e a Dulcinha simplesmente respondeu:
- Porque esse pé não parece meu, é indigno de mim.
Ao que eu respondi:
- Porque achas isso?
- Não é que seja indigno, é que eu não gosto desse pé agora, nem parece meu, é demasiado difícil explicar, percebes?
- Sim, eu percebo.
- Uau, isto é o que eu estou a pensar?
- Sim, isto são os teus…
- Sonhos…
- E pesadelos - finalizei a frase.
- Sim, eu já reparei.
- É essa a parte má da mente humana, acham que do que eles têm medo ou não gostam é mau de todas as formas possíveis.
- Não é que seja mau, é que não gosto deles.
            - Vamos mas é dar uma vista de olhos.
            - Mas isso também tem os meus maiores segredos.
            - Eu sou a tua fada-madrinha, eu sei tudo sobre ti.
            - Pois é!
Começamos então a espreitar os seus sonhos e pesadelos. Eu achei estranho porque nunca a tinha ouvido proferir ou murmurar grande parte daqueles sonhos e pesadelos. Ela mal olhou para eles, porque tinha receio de os encarar.
            -Olha o teu sonho de um dia conseguires voar. E o teu pesadelo daquela pega te ter picado o pé.
            - Como sabes que é uma pega? - questionou ela.
            - Eu conheci-a há algum tempo e até te vou contar a história dela na semana anterior a te ter picado o pé.
            - OK!
            - Um dia íamos as duas a passear, quando a pega, filha da rainha, (sempre muito arrogante) estava a falar com suas amigas, pegou num saco de mantimentos e foi propositadamente contra a pega azul. Tudo o que havia no saco caiu numa ravina: mantimento que chegava para duas semanas para uma pega. A rainha ordenou que a pega azul, que estava comigo, sofresse o pesadelo de qualquer pega: ter que ir ao coração do Grande Castanheiro. O rei não concordou, mas a rainha, que acreditava cegamente na sua filha, não o ouviu; ela era a autoridade por ali. Eu achei que foi uma enorme injustiça mas não havia forma de poder ajudar.
            - O que é que isso tem a ver com o meu pé?
- Quando alguma pega vai ao coração do Grande Castanheiro, ele faz-lhe um feitiço que as torna azuis e com um bico venenoso. A única forma de normalizar é retirar 100 objetos preciosos dos humanos, para o Grande Castanheiro a ilibar da sua maldição. Desde então, ela anda a roubar às pessoas; quando alguém a trava ou encontra, ela pica-a, tornando essa parte do seu corpo inchada e vermelha.
- Ah! Então foi isso que aconteceu.
- Sim, já não queres amputar o pé?
- Eu não quero, só quero que isto desapareça.
- Mas isso desaparece.
- Como? Quando?
- Quando a pega azul terminar o roubo dos cem objetos.
- Mas quanto tempo é que vai demorar?
- Ela vai nos setenta e oito, mas não sei quanto tempo irá demorar a acabar.
- Ok, eu vou recuperar, já não quero amputar o meu pé. Demore o tempo que demorar.
- Pronto, agora vou contar até dez, vais acordar e nós saímos da tua mente. Um.
- Vamos lá.
- Dois, …três, …quatro.
- Despacha-te!
- Cinco, seis, sete, oito, nove.
- E finalmente.
- Dez.
Tudo desapareceu; esperei quatro segundos, até que…Puf. Estávamos novamente no Hospital. Ela acordou e gritou:
- Mãe.
A sua mãe entrou rapidamente no quarto preocupada, enquanto eu fugia. A Dulcinha disse rapidamente:
- Eu já não quero amputar o meu pé.
- Ainda bem minha querida. Não te imaginava sem pé.
- Nem eu.
- Anda, vamos para casa.
Então lá foram as duas para casa conversando sobre tudo o que aconteceu, mas a mãe não acreditou naquilo que a Dulcinha lhe dissera. Ela pensou que a filha teve alucinações. Depois, chegou a noite e foram as duas deitar-se. Enquanto Dulcinha dormia, eu fiquei quase a noite toda a observá-la. De manhãzinha, eu cheguei-me ao seu pé e com a minha magia retirei-lhe o inchaço do pé. Não o concretizei mais cedo devido à lei das fadas, que proíbe qualquer fada-madrinha de alguma vez concretizar uma esperança ou um desejo sem que a criança por quem está responsabilizada, desista dele. Algum tempo depois ela acordou, vestiu-se e foi tomar o pequeno-almoço. Enquanto ela estava a comer, a mãe reparou no pé da Dulcinha e exclamou:
- O teu inchaço vermelho desapareceu!
- Pois foi! - disse Dulcinha excitadíssima.
- A vida vai voltar ao normal, já nos podemos divertir!
- Obrigada fada-madrinha, obrigada. - murmurou.
- O que disseste, filha? - perguntou a mãe.
- Nada! – respondeu com um sorriso matreiro.
No fim de tomar o pequeno-almoço, foram andar de bicicleta em direção ao nascer do sol.

João Francisco Ribeiro dos Santo, 7ºE

2 comentários:

  1. Gostei muito do teu trabalho. Parabéns João.
    a DT Fernanda Silva

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  2. o azul é muito bonito .É uma cor muito gira .gosto muito desta cor.
    parece o ceu todo limpinho .
    a cor azul é a cor da mare mar rio reacho e etc

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