O costume de comemorar o Halloween é muito recente, em Portugal, e é mais uma "cópia" importada. Mas, no nosso país as feiticeiras, as bruxas, ou como lhes queiram chamar, fazem parte da nossa tradição popular e a elas estão ligadas lendas, adivinhas, textos orais e contos. Do livro Serão, José Rosa Araújo, um repositório de tradições minhotas, selecionamos alguns textos:
Como se conhece quem é feiticeira?
Muito simples: espera-se que, na missa, o padre erga o cálice ou a hóstia e, nessa altura, lança-se mão ao ferrolho da porta principal do templo.
Logo elas se levantam, muito aflitas, e procuram fugir.
Porém, quem tal fizer, poucos dias terá de vida; as feiticeiras matam-no.
Para afugentar as feiticeiras e evitar-lhes os malefícios, usa-se: alho-porro, arruda, fermento cru, uma figa de azeviche, o corno esquerdo de uma vaca-loira e ainda um chavelho pendurado detrás da porta da habitação.
Uma das mais frequentes diversões das feiticeiras é meterem-se com os homens que regressam, sozinhos, pela noite dentro, das romarias.
Em geral, eles não as vêem; quando muito, ouvem-nas a gargalhar.
Mas os pobres sentem-se como entontecidos e vagueiam, até ao romper da manhã, sem saberem nunca por onde andaram!
Com a vinda da madrugada, as feiticeiras regressam a casa e quebra-se todo o encanto que elas provocam.