18/11/2015

A PERUCA FEMININA




 Chaves na mão, melena desgrenhada,

 Batendo o pé na casa a mãe ordena,
 Que o furtado colchão fofo, e de pena,
 A filha o ponha ali, ou a criada:

 A filha, moça esbelta, e aperaltada, 
 Lhe diz co'a voz doce, que o ar serena:
 "sumiu-se-lhe um colchão, é forte pena;
 Olhe não lhe fique a casa arruinada."

 "Tu respondes assim? Tu zombas disto?
 Tu cuidas que por ter pai embarcadp.
  Já a mãe não tem mãos?" E dizendo isto,
  
  Arremete-lhe à cara e ao penteado;
  Eis senão quando (caso nunca visto!)
  Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.

 

   Nicolau Tolentino de Almeida satirizava com este soneto os penteados exagerados das mulheres da sua época. 

 

  Misturando lã e crina de cavalo oleadas com o próprio cabelo, conseguiam alturas verdadeiramente monumentais. (...) Quando se deslocavam a compromissos tinham muitas vezes de se sentar no chão da carruagem e seguir com a cabeça de fora da janela. (...) Devido à quantidade de trabalho envolvido, não era raro que as mulheres deixassem o cabelo intacto durante meses a fio (...) Muitas dormiam com o pescoço apoiado em blocos especiais de madeira, para manter o penteado elevado e imperturbado. Uma consequência do não lavar o cabelo era a frequência com que este ficava infestado de insetos...

Em casa, Bill Bryson

 

 (Continuaremos com a peruca masculina.) 

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