11/04/2016

POLITICAMENTE CORRETO

   Todos se devem lembrar do conto O velho, o rapaz e o burro, assim como do provérbio preso por ter cão, preso por não ter.


  Vem tudo isto a propósito da campanha E se fosse eu? Por um lado, e para uns, a Escola tem de chamar a atenção para os refugiados, pelo outro, e para outros, a Escola não deveria sujeitar os alunos a esse exercício, como se pode ler em Brincar com coisas sérias,  onde se escreve que  «Para as crianças o exercício deve ser muito engraçado, já que, da mesma forma que brincam aos polícias e aos ladrões, também podem brincar aos refugiados». Não, as crianças e adolescentes não brincaram aos refugiados - interessaram-se, reflectiram-se, preocuparam-se, colocaram-se na posição do outro.
   Como o que é preciso é ser falado e lido, os clientes das redes sociais do politicamente corretos "atiraram os cães" à escolha de Joana de Vasconcelos por ela ter "ousado" dizer que levava as jóias. Será assim tão errado? Não lhe serviriam para pagar comida, roupa, transporte, medicamentos? Deixava-as escondidas numa casa onde não teria possibilidade de voltar?
  Começo a ficar cansada de tanto politicamente correto, de tudo tão desinfetado, de tanto sem açúcar, de tanto incolor, inodoro, de tanto saudável, de tanto pensantes tão corretos, tão sábios, tão, tão, num mundo cada vez mais tolo, mais insensato, mais faz-de-conta.
  Se fosse eu, levava um disco externo com fotografias, dinheiro, uma muda de roupa, medicamentos, um livro (difícil decidir qual), papel, lápis e objetos de valor, incluindo «jóias» que me permitissem menorizar a minha situação. 
   Já não há pachorra!
Isabel Campos

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