17/06/2016

UM PRÍNCIPE

 Recordemos David Mourão Ferreira um príncipe da poesia, um príncipe da ficção, um príncipe do ensaio e da crítica, um príncipe da generosidade e um príncipe da vida (Eugénio Lisboa) na passagem dos 20 anos da sua morte, ontem.


Labirinto ou não Foi Nada

Talvez houvesse uma flor 
aberta na tua mão. 
Podia ter sido amor, 
e foi apenas traição. 

É tão negro o labirinto 
que vai dar à tua rua ... 
Ai de mim, que nem pressinto 
a cor dos ombros da Lua! 

Talvez houvesse a passagem 
de uma estrela no teu rosto. 
Era quase uma viagem: 
foi apenas um desgosto. 

É tão negro o labirinto 
que vai dar à tua rua... 
Só o fantasma do instinto 
na cinza do céu flutua. 

Tens agora a mão fechada; 
no rosto, nenhum fulgor. 
Não foi nada, não foi nada: 
podia ter sido amor. 


                       David Mourão-Ferreira, À Guitarra e à Viola

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