22/12/2016

PRENDA


   A azáfama das compras de Natal está no seu auge. Já se compra qualquer coisa, sem se pensar na utilidade.
   O Jornal i de ontem publica um estudo onde se pode ler que não vale a pena ficar stressado e preocupado em conseguir um presente personalizado, único e especial.
   Isto porque o próprio stress pode fazer com que a pessoa escolha uma prenda errada por estar tão preocupada com a opinião da outra pessoa e não na utilidade da prenda em si. O mesmo estudo afirma ainda que as pessoas ficam igualmente satisfeitas com prendas elaboradas e também com prendas mais simples. O mais importante é o sentimento e o gesto de partilha, uma vez que as pessoas gostam é de prendas, independentemente do que seja.

  Mas, não pensem que se trata de um problema dos nossos dias. Já no séc. XVII, D. Francisco Manuel de Melo se preocupava com a prenda que deveria dar a uma sua prima, optando por construir o seu próprio presente, embora o ache muito insignificante.

DE CONSOADA A UA S. P.

Que vos hei-de mandar de Caparica,
De que vós, Prima, não façais esgares?
Porque de graças e benções aos pares,
Disso, graças a Deus, sois vós bem rica!

Mel e açúcar? Sou cousas de botica
Coscorões? São piores que folares.
Perus? Não, que são pássaros vulgares.
Porco? Só de o dizer nojo me ficou.

Mandara-vos o Sol, se desta cova
M´o deixaram tomar; mas é fechada,
E inda o é mais para mi a Rua Nova.
Pois, se há de ser nada a consoada,
Mandar-vos-ei, sequer, Prima, esta trova,
Que o mesmo vem a ser que não ser nada.

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