Almada Negreiros e Maria Helena Vieira da Silva |
Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam! Não duro nem para metade da livraria! Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão… estou perdido.
José de Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro
As bibliotecas foram um tema recorrente na obra de Maria Helena Vieira da Silva. Pintou mais de trinta e já as celebrámos aqui. A biblioteca do avô materno foi o refúgio da pintora na infância e juventude. Lugar de sonho e de mistério que a marcou, bem como à sua obra.
Biblioteca, Maria Helena Vieira da Silva, 1955 |
Eu tenho cores de Verão e cores de Inverno. Quando está calor, gosto de pintar em azul, em verde, em branco. O branco, aliás, posso usá-lo durante todo o ano. E quando está frio, gosto do vermelho. 'La Bibliothèque rouge', por exemplo, comecei-o em Paris, lentamente, depois vim para aqui, para Yèvres, no mês de Maio, estava frio, continuei com ele, até que um belo dia desatou a fazer calor e eu virei-o para a parede. Terminei-o no Outono, quando principiei a desejar o calor.
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