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Iniciou a sua carreia jornalística em “O Século”, mas foi so serviço do “Diário Popular” – onde trabalhou durante vinte e três anos (1965-1988) – que haveria de conquistar maior notoriedade, sobretudo em géneros como a entrevista e a reportagem.
Torna-se mais conhecido do grande público pelas entrevistas realizadas na SIC entre novembro de 1996 e janeiro de 1998. Nessas “Conversas Secretas”, fazia a todos os convidados a pergunta "onde é que estavas no 25 de Abril?"
in Expresso
Bastos, com obra publicada, escrevia primorosamente e não tolerava tiques de escrita, modismos ou prosas escritas à pressa. Muito menos cacofonias, erros de sintaxe ou de ortografia. Ainda não se sonhava com acordo ortográfico e já ele berrava a plenos pulmões: “Isto não é escrever por sons, senão samarra escrevia-se com c cedilhado”.
Seria impensável naquele tempo encontrar nas páginas do “Diário Popular” prosas cheias de “implementar”, “imperdível”, “emblemático”, “de acordo com” e demais barbaridades hoje tornadas corriqueiras, para não falar nos desmandos vindos de quem nem fala inglês nem português e nos mimoseia com “serviços de inteligência”, “oficiais do governo”, “adictos” ou “jovens mulheres”…
Rui Cardoso, também aqui
Seria impensável naquele tempo encontrar nas páginas do “Diário Popular” prosas cheias de “implementar”, “imperdível”, “emblemático”, “de acordo com” e demais barbaridades.
ResponderEliminarGostaria de saber por que é incorrecto utilizar os termos acima mencionados?
Pensamos que o texto de Rui Cardoso sublinha a importância que Baptista-Bastos dava à qualidade da escrita, bem como o respeito que tinha pela língua. O “príncipe da escrita”, como o apelidavam os colegas jornalistas, não compreendia, por exemplo, a utilização de anglicismos como implementar ("to implement") quando o nosso vocabulário é tão rico. Criticava também as “modas” no jornalismo, as frases feitas que servem para tudo e para nada.
EliminarNão é incorrecto utilizar os termos referidos. No entanto, um "príncipe da escrita" evita-os. "Enchi a vida de palavras, na tentativa de as perfilar com honra e na presunção de ser emissário de algumas verdades. Nunca as palavras, para mim, foram exercícios de futilidade, ou perversos jogos de ocultação. Também elas me ensinaram a vigiar o meu próprio arbítrio, e me levaram a compreender que a sua beleza interior, o significado oculto dos seus étimos constituíam o corpo do seu poder subversivo (...)" Baptista-Bastos