A
entrada. Estas escadas aparentemente inócuas, são um desafio para
qualquer pessoa, pois elas parecem que vão para trás! Não consigo
imaginar como no Renascimento com toda aquela roupa, subiam por elas!
Hoje fui à exposição de Bronzino (Itália 1503-1572) em Florença no
Palazzo Strozzi. Uma belíssima e importante representação de quadros
deste retratista do Renascimento que trabalhou na corte dos grandes
patronos das artes, a família Medici.
Bronzino eliminava a expressão dos rostos e trazia a atenção aos
trajes. Desta forma estabelecendo a posição social das
pessoas nos seus retratos. Reproduzia com enorme precisão as roupas,
jóias e penteados da época. A beleza destes retratos é de deixar
qualquer um emocionado.
Não pude evitar de ficar absolutamente hipnotizada pelos detalhes do
veludo, das rendas, dos bordados, das pérolas, da posição das mãos, do
vermelho dos lábios, da pele alva, de cada fio de cabelo perfeitamente
colocado.
Pois então, a moda tem, nos seus quadros, grande importância.
Se considerarmos a seguinte definição de moda: “um fenómeno
sócio-cultural que expressa os valores da sociedade – hábitos e costumes
– numa determinada época,” entendemos que durante o Renascimento, onde
só a nobreza e altíssima burguesia podiam se vestir assim tão
sumptuosamente, a roupa e as jóias refletiam as posições sociais e
quanto tal, deviam ser retratadas para estabelecer o status.
Só no século XX é que a moda teve o início da sua democratização.
Por sorte, hoje temos acesso a estas obras, e as podemos admirar pela sua beleza e por o que nos conta da época.
O Palazzo Strozzi em Florença.
Detalhe do Palazzo com o poster da exposição.
A corte interna do palácio com obra moderna de Michelangelo Pistoletto. Contraste impressionante.
Uma
das salas com grandes tapeçarias. Na época eram usadas como decoração
mas também para esquentar os ambientes que haviam muros de pedra.
Eleonora
di Toledo, esposa de Cosimo I de’ Medici, com seu filho Giovanni.
Reparem nas pérolas não só do seu colar, mas também na franja do cinto
de ouro e pedras.
Este
é o meu favorito. Maria di Cosimo I de’ Medici. O veludo de um verde
profundo, as jóias riquíssimas na sua simplicidade, transparência do
tule que cobre timidamente os ombros, a elegância da mão, a perfeição do
penteado, sem falar nos bordados…
Bia,
filha ilegítima de Cosimo I. No grande cordão de ouro está o perfil
deste seu importante pai. O branco dos trajes, talvez para representar a
inocência.
O
simpático Giovanni, do primeiro retrato com sua mãe. É o único que
sorri. Vermelho era uma cor muito difícil de se obter nos tecidos e
portanto reservada à monarquia. A perfeição das cores e plumas do
passarinho na sua mão é incrível. Neste museu permitem chegar super
próximos às telas dando a possibilidade de admirar bem de perto. O
coral no colar é para trazer boa sorte.
Lucrezia
Panciatichi fazia parte da corte de Cosimo I. O livro no quadro
representa o fato que ela sabia ler. É uma bíblia, portanto que ela era
Católica. Incrível as dobras da seda tão perfeitas, o tule bordado em
ouro, o cinto de pedras duras. Existe uma expressão em italiano para
dizer “é outra coisa” que se diz “outro par de mangas”. A origem vem do
fato que as mangas se sujavam mais do que o resto da roupa que era muito
complicada para lavar. Então, só as mangas eram substituídas. Aqui se
vê claramente que as mangas podem ser trocadas. No quadro de Maria
também.
Mais uma sala com esculturas de Cellini, contemporâneo de Bronzino.
https://www.consueloblog.com/bronzino-retratista-dos-medicis/
Sem comentários:
Enviar um comentário
COMO PODES COMENTAR?
1º Escreve o teu comentário ou sugestão.
2º Identifica-te.
3º Selecciona o perfil "Anónimo".
4º Clica em "Enviar comentário"
Atenção: todos os comentários são moderados - não serão publicados os comentários ofensivos ou com erros ortográficos.