Partindo de uma lenda milenar e mantendo uma tradição
antiga, o magusto é uma festa popular muito celebrada
em Portugal. Há rituais específicos de cada região, mas o essencial que não
pode faltar são as castanhas, o vinho e muita música.
As festas do magusto acontecem entre os meses
de outubro e novembro e normalmente
associam-se a datas festivas desta época como o dia de São Simão (28
de outubro), o Dia de Todos os Santos (1 de novembro) e o dia
de São Martinho (11 de novembro). Mas na verdade, o magusto
celebra-se sempre que a família e os amigos se reúnam à volta de uma fogueira
onde se assam castanhas regadas por jeropiga, água-pé ou vinho novo.
Os mais corajosos mantêm a tradição de saltar a
fogueira e não se assuste se alguém tentar enfarruscá-lo com cinza, faz tudo
parte da tradição.
Apesar destes meses de outono serem
chuvosos, é comum que o sol apareça durante estes dias de festa, um fenómeno
que se conhece como “o verão de São Martinho” e que os mais crentes
associam à lenda de São Martinho, um
santo muito ligado ao magusto.
Conta a lenda que, num dia chuvoso, um soldado romano
chamado Martinho ao passar a cavalo
por um mendigo quase nu que lhe pediu uma esmola cortou a sua capa ao meio com
a sua espada para lhe dar metade. Nesse preciso momento parou de chover e o sol
apareceu, daí a expressão associada a temperaturas invulgares em novembro.
As celebrações do magusto ocorrem
também além-fronteiras na vizinha Galiza,
onde se chama magosto,
em galego, e até nas Astúrias.
Tradições do
Magusto em Portugal
Um pouco já fora dos meses habituais, em Aldeia de Viçosa, na Guarda, há uma tradição local que acontece a 26 de
dezembro à qual se dá o nome de “Magusto da Velha”.
O evento realiza-se em homenagem a uma velha muito
rica, cujo nome ninguém sabe, mas que no século XVII deixou um grande legado
à Igreja da Vila do Porco.
Em contrapartida, a velha exigiu que todos os anos a seguir ao Natal se
fizesse um magusto com castanhas e vinho e se rezasse um
Pai-Nosso pela sua alma.
Assim, são atirados cerca de 150 quilos de castanhas
do cimo do campanário da igreja, enquanto os sinos tocam sem parar. Para além
de rezar pela alma da velha, a população presente preocupa-se em encher os
bolsos de castanhas que são depois assadas nas brasas do Madeiro do
Natal que normalmente ainda aquece quem assiste. A acompanhar, é
distribuído vinho tinto que também serve para brindar à velha.
O etnógrafo português Leite de Vasconcelos explica
mesmo que há uma ligação entre o magusto e um antigo
sacrifício em honra dos mortos. Por exemplo, em Barqueiros, no concelho de Mesão Frio, era
tradição preparar, à meia-noite, uma mesa com castanhas para os mortos da
família irem comer.
De Norte a Sul, vai encontrar um pouco por todo o
país magustos organizados onde a população se junta e celebra
com castanhas e vinho. Em Vila do Conde, roscas de pão de trigo
e nozes acompanham um prato de castanhas. Em muitas regiões do Minho, a matança do porco é celebrada
com um grande magusto.
Em cidades maiores, como Lisboa, Porto e Braga, é habitual ver vendedores
de castanhas assadas pelas ruas. Siga o fumo branco que sai
dos assadores a carvão e o famoso pregão “quentes e boas” e compre um cartucho
de castanhas e um vinho quente.
in: https://www.escapadarural.pt/blog/magusto-a-festa-da-castanha/
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