No último
sábado, o Jornal i publicava um artigo, assinado por Inês Teotónio Pereira, que
reproduzimos, por acharmos muito actual e a merecer reflexão:
Manifesto pela libertação dos pais
Sempre que racionalizo sobre a vida escolar dos meus filhos lembro-me de um tio meu que nem sabia qual o ano que os filhos frequentavam. Eles iam para a escola, vinham da escola e pronto. Era a vida deles. O meu tio tinha a vida dele. E foram todos felizes para sempre.
Pois eu tenho
imensa inveja do meu tio e os meus filhos têm imensa inveja dos filhos dele. A
verdade é que a minha segunda vida é a vida escolar dos meus filhos. Sei tudo
ao pormenor. É um bocado doentio. Aliás, o centro da nossa relação está no
estudo. Eu sei de cor as datas dos testes de cada um, os capítulos que vão sair
nos testes, as fichas que é preciso fazer e gasto canetas a assinar recados
sobre reuniões, festas, avisos, material para arranjar, queixas de falta de
material, etc.
Sou, posso
dizer sem modéstia, uma aluna dedicada. No outro dia o meu filho chegou a casa
com um teste e anunciou, todo orgulhoso: “Mãe! Tivemos 86 por cento!” Muito
bom. Fico sempre contente quando temos notas para cima dos 80 por cento