31/08/2014

ELOGIO DO IMBECIL

  Na continuação do que publicámos no dia 29, hoje, apresentamos uma nova sugestão de leitura - Elogio do imbecil: os inteligentes fizeram o mundo os estúpidos vivem à grande, de Pino Aprile.


   Algumas passagens de uma leitura que ainda não terminou:

  Tornámo-nos mais numerosos e mais gordos; mas o nosso cérebro mantém o nível que tinha já há cerca de 250 mil anos.

  A cria do sapiens sapiens é a que permanece inábil por mais tempo, dependendo dos adultos (os progenitores e não só) no que diz respeito a todas as suas mais pequenas necessidades.

  O poder, assim que pode, começa a queimar os livros e, em seguida, os seus autores.

  Heródoto advertia-nos de que os deuses derrubam tudo o que procura ascender: fulminam com os raios as árvores mais altas , os animais maiores. Em contrapartida, os seres mais pequenos, não os incomodam.

  «A Santa Inquisição», escreveu Darwin, «escolheu muito cuidadosamente os homens mais livres e mais corajosos, a fim de os queimar ou encarcerar.

29/08/2014

A ESTUPIDEZ

 Há livros que atraem conversas que atraem outros livros. Foi o que aconteceu - A montanha mágica, pelo seu tamanho, levou a uma troca de impressões sobre leitura e livros, até a Allegro ma non troppo, de Carlo M. Cipolla. Não é uma obra nova, 1993, mas sempre atual. Dividido em duas partes, a 2ª tem o sugestivo título As leis fundamentais da estupidez humana. 
  Transcrevemos algumas dessas leis:
 - cada um de nós subestima sempre inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos em circulação;
  - uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo;
  - as pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se, infalivelmente, um erro que se paga muito caro;
 - a pessoa estúpida é tipo de pessoa mais perigosa que existe.

  Que tal? ...

28/08/2014

MONTANHA DA IGNORÂNCIA

Já  aqui tínhamos feito referência ao Dicionário de lugares imaginários. Aproveitamos para transcrever um dos verbetes - Montanha da Ignorância, no Reino da Sabedoria.

 Abruptas e escarpadas, viscosas e cobertas de musgo, nelas vivem alguns seres curiosos. O Larápio de Palavras Omnipresente - pássaro desgrenhado, com bico afiado, que nos tira as palavras da boca - faz, por vezes, o ninho nos penhascos. Embora o seu habitat natural seja o Contexto, o desagradável local fá-lo passar a maior parte do tempo fora.
  O Trivium Terrível, demónio de tarefas insignificantes e trabalhos inúteis, ogre de esforços desperdiçados e monstro do hábito, é um cavalheiro elegantemente vestido, com rosto inexpressivo, sem olhos, nariz nem boca. Convencido da importância de fazer coisas sem importância - pois nunca levam ninguém ao seu destino -, o Trivium Terrível distrai-se facilmente do que está a fazer. Pára de caçar para contar um monte de seixos ou para qualquer outra actividade igualmente inúril.
   O Demónio da Insinceridade atrai os visitantes para um poço profundo. Nunca pensa o que diz, nem é o que parece ser.
  O Gigante Gelatinoso não tem forma, pelo que tenta tomar a forma do que está perto de si: de um pico quando se encontra nas montanhas, de uma árvore na floresta, de um arranha-céus na cidade. É muito feroz porque tem medo de tudo e não consegue engolir ideias, pois estas são difíceis de digerir.
  Os Demónios Triplos do Compromisso movem-se em círculos. Sempre que um diz «aqui» e o segundo «ali», o terceiro concorda com todos.
  As Horríveis Ideias Retrospectivas Saltadoras são górgonas de ódio e maldade, como caracóis gigantes de casca macia com olhos coruscantes e bocas húmidas, que deixam rastos de baba e se deslocam com uma rapidez extraordinária.
   O Sabichão Arrogante é quase só boca e está sempre pronto a transmitir informações falsas. Vai à caça associado ao Exagero Grosseiro, que usa os dentes para deturpar a verdade.
   A Desculpa Esfarrapada é uma pequena criatura andrajosa que repete a mesma desculpa vezes sem conta. Embora pareça inofensiva, quando apanha a sua vítima nunca a larga.
     No mais alto cume da Montanha da Ignorância fica o Castelo-no-Ar, que se alcança subindo uma escada em espiral. No fundo da escada encontra-se o Funcionário Tira-Sentidos, que ajuda as pessoas a encontrar o que não procuram, a ouvir o que não lhes interessa e a cheirar o que não existe. Embora lhes possa tirar o sentido da realidade, o sentido do dever e o sentido das proporções, não lhes consegue tirar o sentido de humor enquanto eles ouvirem o som das gargalhadas. Usa casaca e óculos grossos e insiste em anotar todas as informações sobre os viajantes antes de lhes iludir os sentidos.
Norton Juster, The phantom toolbooth

27/08/2014

NARCISISTA

 Acabadas as Festas, com o verão a fazer um intervalo, voltamos à origem das palavras. 
  Hoje, vamos debruçar-nos sobre o narcisista.
 Narciso, segundo a mitologia grega, era filho do deus Cefiso e da ninfa Liríope. Quando nasceu, Tirésias profetizou que não deveria nunca ver a sua imagem, pois, caso o fizesse, morreria. A ninfa Eco apaixonou-se por narciso, extremamente belo, que a repudiou por se achar superior. Eco morreu de desgosto. Para a vingar, a deusa Nemésis levou Narciso a ver a sua imagem refletida na água e a apaixonar-se por si próprio, não deixando de se contemplar, definhando.
   O narcisista, segundo o Dicionário, será, assim, uma pessoa vaidosa com fixação extrema em si mesmo e no seu umbigo.


    Muito mais bonita é a flor com o mesmo nome, da família das Amaryllidaceae. William Wordsworth dedica-lhe um poema:
   I wandered lonely as a cloud
     That floats on high o'er vales and hills,
      When all at once I saw a crowd,
     A host, of golden daffodils;
     Beside the lake, beneath the trees,
     Fluttering and dancing in the breeze
     (...)


26/08/2014

O PRINCIPEZINHO

  


  No último número da revista Sábado, lia-se
  Abriu em Julho em Ungersheim, na Alsácia, França, e é o primeiro parque temático aéreo do mundo, dedicado exclusivamente às aventuras do Principezinho de Saint-Exupéry. Os 24 hectares ... oferece carrósseis ..., um aerobar construído a 35 metros...dois balões aerostáticos ... uma quinta com ovelhas e raposas e um planetário.    

  E toda a magia e beleza das palavras de Saint-Exupéry? E todos os ensinamentos que delas podemos tirar? E o "mastigar" do todas aquelas frases?
  Aventuras do Principezinho? Parque de diversões? 
  Que pena! Que tristeza! Não irá criar laços.

  Para quem já leu, recorda; para quem ainda não fez, algumas passagens para abrir o apetite:

    E no entanto é o único (o acendedor de candeeiros) que não me parece ridículo. É, talvez, porque não se ocupa apenas de si próprio.

    Só se conhecem as coisas que se cativam - diz a Raposa (...) Sentas-te primeiro um pouco longe de mim, assim, na erva. Eu olhar-te-ei pelo canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é fonte de mal-entendidos. Mas, de dia para dia, poderás sentar-te um pouco mais perto.

   Só se pode ver bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
   
   Recomendamos, também, a leitura de A profundidade a a superfície: um ensaio sobre O Principezinho de Saint-Exupéry, José Gil

25/08/2014

CORTEJO

 Como prometido, os nossos, no Cortejo. Alguns já passaram pela Escola há muitos anos.


























24/08/2014

TOURADA

  Um arreliante acidente fez com que a página de hoje fosse eliminada. Tentamos a sua reconstituição.
  Nela falávamos da inauguração da Praça de Touros, no dia 19 de Agosto de 1950, propriedade de um grupo de aficionados vianenses. Esta praça manteve-se na posse de privados até há muito poucos anos, tendo sido comprada pela Câmara Municipal.

  Nessa tourada, foram lidados 8 touros, 4 deles em pontas, pelos cavaleiros João Branco Núncio e José Rosa Rodrigues, e os toureiros Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu, assim como os Forcados Amadores de  Santarém. 
  No dia seguinte, nova corrida com os cavaleiros Fernando Salgueiro e D. Francisco Mascarenhas, os toureiros Diamantino Vizeu e Luis Procuna.

João Branco Núncio (1901-1976)
Manuel dos Santos (1925.1973)
 (No Viana Taurino está exposto um traje de luces que pertenceu a este toureiro.)

Diamantino Viseu (1924-2001)


Para mais detalhes sobre a Praça de Touros, sobre as touradas e garraiadas em Viana do Castelo podem consultar A Aurora do Lima, de 14 de agosto de 2014, e Viana Taurino Clube - 100 anos de vida, de Rui A. Faria Viana e Amândio Passos Silva.

23/08/2014

MORDOMIA

Joana Vasconcelos desfilou


Assim como alguns dos nossos







  Procuraremos mais, logo, no cortejo. É muito bom vê-las (os).

22/08/2014

CORAÇÃO

CORAÇÕES DE VIANA







  Os corações de Viana têm origem marcadamente religiosa. Na antiguidade clássica o coração representava o centro da vida, da solidariedade, da fraternidade e amor, sendo estas as características mais salientes na vida dos santos, por isso eram representados com o coração fora do peito. Estes corações sublinhavam o calor do amor com as chamas que brotavam da parte superior, sendo essa parte uma estilização dessas mesmas chamas, por isso chamarem-se corações flamejantes ou duplos. Apareceram em Portugal com o culto do Sagrado Coração de Jesus e daí o povo gostar de o usar ao peito como símbolo sagrado, com formas mais simplificadas. Podem ser em chapa (ocos), filigrana ou chapa abatida ou gravada.
Manuel Rodrigues Freitas, A falar de Viana, 2013

  
  Joana Vasconcelos recriou-o no Coração Independente, que está exposto no Coliseu de Viana do Castelo.


  Viana do Castelo adoptou-o,


porque VIANA FICA NO CORAÇÃO.

21/08/2014

TAPETES E JANELAS

   A Ribeira, como de costume, acordou engalanada com os tapetes em sal. Este ano, podemos ver desenhos muito pormenorizados que mostram bem o amor com que os moradores dedicam à sua Santa, não poupando no trabalho, durante toda a noite.



   Uma das ruas continua a ser atapetada a flores.


  Todo este trabalho colectivo não impede que os moradores também dediquem um especial carinho às suas janelas e lá coloquem símbolos religiosos e marítimos. As janelas merecem uma visita demorada. Infelizmente, ou felizmente, a multidão que anda pelas ruas impede que tiremos fotografias com mais qualidade.











  Nas vielas, também era costume encontrarmos decorações alusivas à Festa nas janelas e fora de casa. Não encontramos essas decorações, mas encontramos moradores de mangueira, muito zangados, a limpar o que os forasteiros noturnos tinham sujado. 
  Infelizmente, ainda há quem não saiba viver a Festa como cidadão e não respeite o trabalho dos outros e venha apenas para se alcoolizar e fazer distúrbios.