29/08/2015

MAR

Claude Monet
Foi nesses passeios pelo paredão, à beira-mar, que me contou tudo… Os cheiros. O cordame a ranger. Os dórios a sair. O seu dório. A pesca. O mar e os ventos. O nevoeiro. E mais nevoeiro. O tempo lento. O frio. O gelo. O dório e ele. O silêncio. Sempre o nevoeiro. A solidão. O desnorte. O medo. Todos os medos.
Se o mar descobre que um homem lhe tem medo, nunca mais o larga… Só o deixa em paz quando ele resolve dar-lhe a vida… Só para com a morte.
É no mar que o Sol se põe. Esconde-se dos montes. Foge das planícies. É para o mar que vai, para aí se lançar no precipício do outro lado do horizonte.
O chamador, Álvaro Laborinho Lúcio


O mar de um azul intenso com laivos de verde-ácido, quase enegrecido, estremece ao de leve, ondulando um movimento perpétuo onde apetece mergulhar um breve arrepio de receio.
Uma vez por outra, febril e quebradiça, aproxima-se com o seu passo miúdo da areia molhada, tentando mitigar no frescor da beira-mar a sede que a atormenta.

Meninas, Teresa Horta

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