O poeta Mário de Sá-Carneiro suicidou-se em Paris, no dia 26 de abril de 1916. De entre a correspondência que enviou a Fernando Pessoa, encontra-se o bilhete onde escreveu:
Um grande, grande adeus do seu pobre Mário de Sá-Carneiro.
Alguns dias antes, a 18 de abril, já tinha escrito, também a Pessoa: Escreve-me muito - de joelhos lhe suplico. Não sei nada, nada, nada. (...) Tenha muita pena de mim. E no fundo tanta cambalhota. E vexames. Que fiz do meu pobre Orgulho? Veja o meu horóscopo. É agora, mais do que nunca, o momento.
Estes e outros manuscritos podem ser vistos em Paredes de Coura na exposição evocativa do centenário da morte de Sá-Carneiro - mil anos me separam de amanhã - até ao dia 22 de maio.
A exposição termina numa sala com chocalhos e com o poema
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza
A um morto nada se recusa,Eu quero por força ir de burro.
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