17/10/2016

A POESIA É PARA COMER

Como já fizemos anteriormente, vamos celebrar a íntima relação entre culinária e literatura. Daí o título desta mensagem, verso “roubado” a Natália Correia, do seu poema Em defesa do Poeta que podem ouvir aqui.
Nestes dias, em que a discussão anda à volta do tema poeta ou escritor de canções, um poema de Ana Luísa Amaral, com muita música e… ervilhas.

Ritmos

E descascar ervilhas ao ritmo de um verso:
a prosódia da mão, a ervilha dançando
em redondilha.
Misturar ritmos em teia apertada: um vira
bem marcado pelo jazz, pas
de deux: eu, ervilha e mais ninguém

De vez em quando o salto: disco sound
o vazio pós-moderno e sem sentido
Ah! hedónica ervilha tão sozinha
debaixo do fogão!

As irmãs recuperadas ainda em anos 20
o prazer da partilha: cebola, azeite
blues desconcertantes, metamorfose em
refogados rítmicos

(Debaixo do fogão
só o silêncio frio)

Ana Luísa Amaral, Minha Senhora de Quê

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