13/03/2017

GATOS E ESCRITORES II


Dois poemas de Manuel António Pina



Gatos

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem

Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos


Às vezes o gato fitava 
com estranheza 
 o que de nós (um excesso) 
se intrepunha entre nós e o gato,  a nossa presença.



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