Desses primeiros dias recordo a festa, uma espécie de plenitude, um estado de graça. E também uma irresistível subversão que mudava os hábitos, a linguagem, os comportamentos. Todos eram revolucionários, todos tinham feito a sua opção de classe. Lembrei-me do que tinha dito Garrett, depois da vitória da Revolução Liberal: os revolucionários que a tinham dirigido pareciam conservadores, os que pouco ou nada tinham feito arvoravam-se em mais liberais do que os liberais. (...)
O certo é que estávamos de novo em casa, na Pátria libertada, a viver um momento único, como se a História tivesse acelerado e irrompesse dentro de cada um de nós, para mudar a vida e abrir um horizonte onde tudo parecia ser possível. Isso foi o essencial dos primeiros dias da Revolução de Abril, cuja primeira dimensão é a liberdade.
Manuel Alegre, Uma outra memória
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