01/07/2016

JULHO



Foi n'uma tarde de Julho

Foi n'uma tarde de Julho.
Conversávamos a medo,
- Receios de trair
Um tristíssimo segredo.

Sim, duvidávamos ambos:
Ele não sabia bem
Que o amava loucamente
Como nunca amei ninguém.
E eu não acreditava
Que era por mim que o seu olhar
De lágrimas se toldava...

Mas, a dúvida perdeu-se;
Falou alto o coração!
- E as nossas taças
Foram erguidas
Com infinita perturbação!

Os nossos braços
Formaram laços.

E, aos beijos, ébrios, tombámos;
- Cheios d'amor e de vinho!

(Uma suplica soava:)

«Agora... morre comigo,
Meu amor, meu amor... devagarinho!...»

António Botto, Canções

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