Claude Monet |
Foi nesses passeios pelo paredão, à beira-mar, que me
contou tudo… Os cheiros. O cordame a ranger. Os dórios a sair. O seu dório. A
pesca. O mar e os ventos. O nevoeiro. E mais nevoeiro. O tempo lento. O frio. O
gelo. O dório e ele. O silêncio. Sempre o nevoeiro. A solidão. O desnorte. O
medo. Todos os medos.
Se o mar descobre que um homem lhe tem medo, nunca mais o
larga… Só o deixa em paz quando ele resolve dar-lhe a vida… Só para com a
morte.
É no mar que o Sol se põe. Esconde-se dos montes. Foge
das planícies. É para o mar que vai, para aí se lançar no precipício do outro
lado do horizonte.
O chamador,
Álvaro Laborinho Lúcio
O mar de um azul intenso com laivos de verde-ácido, quase
enegrecido, estremece ao de leve, ondulando um movimento perpétuo onde apetece
mergulhar um breve arrepio de receio.
Uma vez por outra, febril e quebradiça, aproxima-se com o
seu passo miúdo da areia molhada, tentando mitigar no frescor da beira-mar a
sede que a atormenta.
Meninas,
Teresa Horta