31/05/2016

A DESOBEDIÊNCIA

  Morrer aos 17 anos é muito triste. Mas morrer aos 17 anos por desobediência a normas, principalmente de segurança, é ainda mais triste.
  Para saber mais, no Jornal de Notícias.  


30/05/2016

UM CERCO



   A 30 de Maio  (1384), o rei de Castela dá início ao cerco de Lisboa (...)
  D. João de Castela fixa arraial em Santos e recolhe-se numa casa sobradada que para ele foi erguida. (...) Aos pés da velha urbe lisboeta nasce uma nova e luzida cidade móvel. Repleta de gentes. Abastecida de víveres que lhe vêm por mar de Santarém, (...).  Não falta o essencial, nem tão pouco o acessório. Os Castelhanos não se privam de especiarias, de confeites, açúcares ou conservas. Dão-se mesmo ao requinte de disporem de água rosada ou outras águas destiladas (...). Estão providos de especialistas de saúde, entre físicos, cirurgiões e  boticários. Nas ruas deste luxuoso acampamento, tudo se compra e vende, tudo se oferece aos gostos dos homens - panos de seda ou lã, mulheres de vida mundana, ou o câmbio de boa moeda de prata e ouro.
D. João I, Maria Helena Cruz Coelho

29/05/2016

LIBERDADE




Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

28/05/2016

O 28 DE MAIO

  O período entre  5 de outubro de 1910 e o dia 28 de maio de 1926 é conhecido como Primeira RepúblicaO general Gomes da Costa, a partir de  Braga, vai comandar um golpe que o acabará com a Primeira República e conduzirá o país a uma ditadura militar que só termina com o 25 de abril de 1974.


  Inicialmente, o general Alves Roçadas foi o nome apontado para tomar conta do poder, mas tendo adoecido, morreu a 28 de junho. Mendes Cabeçadas, um dos membros mais empenhados na preparação do golpe foi então empossado como presidente, cargo do qual foi logo afastado a 16 de junho, tornando-se um grande opositor ao regime criado. 


  Afastado este oficial da Armada, Gomes da Costa, 10º presidente da República, após várias reuniões conspirativas, toma o poder, o que, mais uma vez não vai durar muito. O general Óscar Carmona, numa contra-revolução, a 9 de julho, derruba-o e envia-o para o exílio. A Ditadura Militar está instalada para ficar.


27/05/2016

MISERICÓRDIA(S)


  Ainda há pouco tempo a Igreja da Misericórdia de Viana do Castelo foi notícia. Nos seus azulejos estão representadas as catorze Obras de Misericórdia que aqui vamos recordar, segundo o ponto de vista da cidadania e da preocupação com o próximo. Devemos dividi-las em duas partes - as corporais e as espirituais.
  • dar de comer a quem tem fome;
  • dar de beber a quem tem sede;
  • vestir os nus;
  •  visitar os enfermos;
  • dar pousada aos peregrinos;
  • remir os cativos; 

  • enterrar os mortos.


  • Dar bons conselhos;
  • ensinar os ignorantes;


 
  • castigar os que erram;

 
  • consolar os tristes;

  • perdoar as injúrias;

  • sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
  • rogar a Deus por vivos e mortos. 

26/05/2016

CORPUS CHRISTI

  D. João V (1689-1750), o Magnânimo, foi o representante máximo de um barroco excessivo, do ouro sobre azul, dos gastos de toda a riqueza que o ouro do Brasil permitia. Esta pintura de Jean  Ranc retrata o gosto da época - a cabeleira, os drapeados, as sedas e brocados, as jóias, o aparato - bem no estilo da corte francesa que ditava a moda.


  Dele ficou-nos o Convento de Mafra, a magnífica Capela de São João Baptista na Igreja de S. Roque, a Biblioteca Joanina, o Aqueduto das Águas Livres e muitas outras construções.
 Fervoroso praticante da religião, não dispensava um auto de fé e tinha na procissão do Corpus Christi uma especial devoção, querendo torná-la não uma festividade popular, mas mais uma manifestação de sumptuosidade. José Saramago, O memorial do convento, descreve assim o descontentamento da população:
 

  «Pergunta então o povo que procissão vem a ser essa,se não podem sair os foliões da Arruda atroando as ruas com o seu pandeiro,se estão as mulheres de Frielas proibidas de dançar (…) se não saem castelos, (…),se não navegará aos ombros de homens a nau de S. Pedro, que procissão teremos, que gosto nos vão tirar.»



  O rei ordenou que a tradição não fosse mantida, pelo que, a 12 de Maio de 1717, Diogo Mendonça de Corte Real transmitiu as ordens régias ao Senado da Câmara de Lisboa (…)
Que não vão na procissão tourinhas, gigantes, serpe adrago e esparteira, carros e as coisas semelhantes que costumam dar os ofícios, nem dança alguma, nem os mouros que costumam ir junto a S. Jorge.
  
 Para maior magnificência da procissão, o rei D. João encomendou ao arquitecto João Frederico Ludovice, o autor do projeto de Mafra,  em 1719 a ornamentação das ruas por onde ela desfilava (…). 
 Avisado das avultadas despesas, o rei simplesmente mandou responder que aqueles gastos seriam feitos pelas rendas da câmara e que, se fosse necessária uma nova taxa para tal, deveria ser a «menos gravosa». (…)
Em 1733 os preparativos para a procissão do Corpo de Deus  fizeram-se «com a costumada magnificência», mas nesse ano com uma novidade: as armações tinham sido feitas em Paris e Bruxelas.  

 Para aprofundar este tema poderão requisitar na BE o livro de Maria Beatriz Nizza da Silva, D. João V, de onde foram transcritos os textos em itálico.

25/05/2016

ESTAR NA LUA


   Estar (no mundo) na lua é uma situação comum a muitos, por vezes muito cómoda. Outros, sem sabermos o que se passa, mudam de opinião sem mais nem menos - são de luas. Os mais ambiciosos pedem a lua, mesmo que para isso precisem de pôr alguém nos cornos da lua. Quando não conseguem o que desejam desesperam, pois não sabem que a lua não fica cheia num só dia.
 Nesta Primavera tão estranha, com chuva constante com lua nova trovejada, trinta dias é molhada, vamos observando o céu para sabermos se a lua está deitada, o que levará o marinheiro a estar de .
  A sorte não é para todos, nem todos nascemos com o #@ virado para a lua, não podemos promise the moon a torto e a direito, já que há situações que só acontecem once in a blue moon.
  Para que a lua deixasse de estar tão distante e tão enigmática, John F. Kennedy, no dia 25 de Maio de 1961, no Congresso, falou pela primeira vez no programa Apollo que, em 1969, levaria o primeiro homem, Neil Armstrong, a, literalmente, andar na lua. Muitas décadas depois, ainda há alguns aluados que não acreditam que tal tenha acontecido.

    24/05/2016

    BIBLIOTERAPIA



      Nestes últimos dias temos encontrado em diferentes meios de comunicação artigos/notícias sobre biblioterapia. Segundo um artigo de ontem, dia 23, no Jornal de Notícias, uma biblioterapeuta define este conceito como um método que permite o desenvolvimento pessoal e a resolução de problemas do dia a dia através da leitura do livro certo. Ainda segundo o artigo, destaca-se a melhoria do autoconhecimento, a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros e a ginástica mental.
     Por 100 €, temos direito a uma consulta de diagnóstico, à sugestão de dez livros, material de apoio e uma consulta de acompanhamento.
     Qual a novidade?
     A BE, qualquer BE, dá uma consulta de diagnóstico - procurando saber os interesses e motivações do leitor - , sugere e empresta os livros, troca impressões com o leitor e, tudo isto, a custo 0.
     Marque a sua consulta. 

    23/05/2016

    VULGAR DE LINEU

     Quando se quer dizer que uma coisa é muito vulgar usa-se, ou usava-se, a expressão vulgar de lineu. A sua origem está no biólogo, zoólogo, botânico sueco, Carlos Lineu, conhecido como «pai da taxonomia».


      Nascido a 23 de maio de 1707, frequentou e ensinou na Universidade de Upsala, tendo viajado muito na procura e aperfeiçoamento dos seus trabalhos. A ele se deve o sistema de classificação dos seres vivos, com a divisão em reinos, classes, ordens e espécies.
      Em 1758 publicou Sistema da Natureza onde expôs o sistema binário de nomenclatura. O nome (em latim!) de cada espécie de animal ou planta seria sempre constituído por duas palavras - a primeira, um nome genérico, característico dum dado grupo; e a segunda, um nome trivial, específico de cada membro do grupo. (...) Com algumas modificações e aperfeiçoamentos, continua em vigor. De qualquer modo, foi o primeiro sistema binário introduzido na ciência, séculos antes da linguagem dos computadores. É também o que resta do latim como linguagem universal de comunicação científica. (Haja luz!, Jorge Calado).
       Atraiu estudantes de toda a Europa para as suas aulas. Organizava excursões científicas para recolha de espécies 
      Rousseau, Goethe e Stridberg elogiaram-no.

    22/05/2016

    DIÁRIOS

     É conhecida a nossa predilecção por diários. Hoje em dia, o facebook tomou conta das vidas de muitos, tornando-se o moderno diário, com todos os seus malefícios - efémero, demasiado "aberto" e pouco interessante.
     Os diários que estão publicados, como já aqui referimos, mostram-nos uma época, uma personalidade, uma história.
     Em Biblioteca, de Pedro Mexia, podemos ler sobre os diários da família do escritor russo Tolstoi. Lendo o diário de Sofia Tolstoi uma coisa ficamos a saber - a vida diária com um génio é difícil...


       Os últimos anos da vida de Tolstoi e a sua fuga, estão relatados em várias fontes. O romancista mantinha um diário, que escreveu até ao fim, Sofia também, e os filhos, amigos. alguns empregados, toda a gente escrevia os seus diários. Nos últimos tempos, aliás, o ambiente em Iasnaia Poliana estava muito envenenado pela multiplicação de registos, sendo que muitos dos diaristas se liam uns aos outros, com consentimento mútuo, numa «política de verdade» que tornou as relações pessoais insustentáveis. Sofia, que leu tudo o que Tolstoi escreveu, confessou uma vez que nunca o conheceu.

    21/05/2016

    SÚPLICA




    Súplica


    Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
    E que nele posso navegar sem rumo,
    Não respondas
    Às urgentes perguntas
    Que te fiz.
    Deixa-me ser feliz
    Assim,
    Já tão longe de ti, como de mim.

    Perde-se a vida, a desejá-la tanto.
    Só soubemos sofrer, enquanto
    O nosso amor
    Durou.
    Mas o tempo passou,
    Há calmaria...
    Não perturbes a paz que me foi dada.
    Ouvir de novo a tua voz, seria
    Matar a sede com água salgada. 


    Miguel Torga, Câmara Ardente

    20/05/2016

    TEA

      Tomar chá não é apenas deitar água quente sobre umas folhinhas e beber. Tem à sua volta todo um ritual, toda uma norma de etiqueta. Daí, ou não, a expressão falta de chá em pequeno... Reproduzimos aqui um cartaz sobre as regras a ter em conta quando queremos um verdadeiro chá.



      Nesta Semana das Línguas houve um five o'clock tea como Catarina de Bragança gostaria. Nele apareceu um cesto com bule e chávenas que não queremos deixar de mostrar. Uma beleza a ser preservada.







      Segundo as nossas pesquisas, seria um cesto usado pelos trabalhadores chineses dos caminhos de ferro, nos anos 50, do século XIX.
      Este exemplar, mais pequeno, também de uma colecção nossa conhecida, será da mesma época e é referenciado como cesto de chá para piqueniques.



      São bonitos, não são? Como terão sido guardados mais de 150 anos? Como chegaram às famílias das suas donas?

    19/05/2016

    RELEMBRAR

     A BE está a digitalizar fotografias para poderem ser, posteriormente, consultadas com facilidade. Temos encontrado algumas curiosidades e muita nostalgia. 
     Hoje, recordamos:

      o quadro, antes das modernices...



     as fantásticas máquinas da secretaria, em 2001, 
     

    o primeiro terminal, no mesmo ano, e 



    uma celebérrima ação de formação que ficou para os anais da BE e da própria Escola... Como eles estavam interessados, colaborativos e... novos...
     
     

    18/05/2016

    QUE AVENTURA!

     Todos pelo mar foi o texto criado pela turma do 4º ano de Vila Nova de Anha e enviado ao Concurso Uma Aventura... que lhes valeu uma menção honrosa.
     A satisfação de todos está bem visível nesta fotografia.


     Receberam como prémio um livro de José Saramago para a Biblioteca.

      O conto pode ser lido aqui.

    17/05/2016

    TEA PARTY

      Com as eleições presidenciais americanas em foco, voltou-se a falar do Tea Party - um movimento ligado à ala mais radical do Partido Republicano - criado em 2009. Mas qual a raiz histórica deste nome?


      Na América, o chá era taxado (... ). O imposto foi mantido sobre o chá... tendo o governo britânico entregue o monopólio do chá à Companhia das Índias Orientais. A esta  medida seguiu-se um protesto levado a cabo pelos Sons of Liberty:
      A 16 de dezembro de 1773, um grupo de cerca de 80 colonos vestidos de índios Mohawk subiram para os navios britânicos ancorados no porto de Boston, abriram 342 arcas de chá e despejaram o conteúdo borda fora.  (Em casa, Bill Bryson).
      O chá tornou-se, então, uma bebida muito pouco popular e nada patriótica. 
      No dia 4 de julho de 1776, os EUA declararam a independência. O nome Boston Tea Party apenas surgiu em 1834 

    16/05/2016

    UMA MATEMÁTICA

      Numa época em que o papel da mulher era limitadíssimo, recordamos uma  mulher que se dedicou ao estudo e ao ensino da Matemática.


      Maria Gaetana Agnesi, nascida em Milão a 16 de maio de 1718, foi a primeira professora universitária e a primeira a escrever um compêndio de Matemática sobre cálculo diferencial e integral, com interesses profundos também na Filosofia, na Teologia e no serviço humanitário.
     Para além das ciências a que se dedicou, e que lhe valeram o reconhecimento dos seus pares, da imperatriz Maria Teresa e do Papa Benedito XIV, Maria era poliglota, falando italiano, alemão, francês, espanhol, hebreu, latim e grego e empenhada na educação dos irmãos.

    15/05/2016

    DELGADO


    ...  o dia em que Humberto Delgado chegou a Coimbra na campanha presidencial de 1958.(...)
    Eu tinha vestido a capa e batina e, um tanto desconfiado, fui juntar-me a alguns amigos também eles trajados a rigor. (...)
    Até que desembarcamos no Largo da Paragem. E não conseguimos conter as lágrimas: eram milhares de pessoas, ... 
    E então chegou. Eu estava perto do Astória. Ele vinha de pé, no carro aberto, sorridente, agitando freneticamente os braços. Creio que esse gesto foi tão importante como aquela pequena frase. Delgado não saudava, puxava por nós, levantava-nos do chão, ...
    Passou mesmo à minha frente. A meu lado estava um homem muito alto, com um filho ao colo. Com as lágrimas pela cara abaixo, levantou o filho acima da cabeça e gritou: Oh meu General, salve o meu filho dos tiranos.
    Esse foi o momento que mudou a minha vida. Humberto Delgado e aquele homem de quem não sei o nome fizeram de mim um revolucionário.
    Manuel Alegre, Uma outra memória


     Há 110 anos, nascia Humberto Delgado.

    14/05/2016

    UMA PEQUENINA LUZ




    UMA PEQUENINA LUZ


    Uma pequenina luz bruxuleante
    não na distância brilhando no extremo da estrada
    aqui no meio de nós e a multidão em volta
    une toute petite lumiére
    just a little light
    una piccola…em todas as línguas do mundo
    uma pequena luz bruxuleante
    brilhando incerta mas brilhando
    aqui no meio de nós
    entre o bafo quente da multidão
    a ventania dos cerros e a brisa dos mares
    e o sopro azedo dos que a não vêem
    só a advinham e raivosamente assopram.
    Uma pequena luz
    que vacila exacta
    que bruxuleia firme
    que não ilumina apenas brilha.
    Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
    Muda como a exactidão como a firmeza
    como a justiça
    Brilhando indefectível.
    Silenciosa não crepita
    não consome não custa dinheiro.
    Não aquece também os que de frio se juntam.
    Não ilumina também os rostos que se curvam.
    Apenas brilha bruxuleia ondeia
    Indefectível próxima dourada.
    Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
    Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
    Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
    Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
    Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
    brilha.
    Uma pequenina luz bruxuleante e muda
    Como a exactidão como a firmeza
    como a justiça.
    Apenas como elas.
    Mas brilha.
    Não na distância. Aqui
    No meio de nós.
    Brilha.


    Jorge de Sena



    Poema dito por Carmen Dolores.

    Uma pequenina luz bruxuleante
    não na distância brilhando no extremo da estrada
    aqui no meio de nós e a multidão em volta
    une toute petite lumiére
    just a little light
    una piccola…em todas as línguas do mundo
    uma pequena luz bruxuleante
    brilhando incerta mas brilhando
    aqui no meio de nós
    entre o bafo quente da multidão
    a ventania dos cerros e a brisa dos mares
    e o sopro azedo dos que a não vêem
    só a advinham e raivosamente assopram.
    Uma pequena luz
    que vacila exacta
    que bruxuleia firme
    que não ilumina apenas brilha.
    Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
    Muda como a exactidão como a firmeza
    como a justiça
    Brilhando indefectível.
    Silenciosa não crepita
    não consome não custa dinheiro.
    Não aquece também os que de frio se juntam.
    Não ilumina também os rostos que se curvam.
    Apenas brilha bruxuleia ondeia
    Indefectível próxima dourada.
    Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
    Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
    Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
    Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
    Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
    brilha.
    Uma pequenina luz bruxuleante e muda
    Como a exactidão como a firmeza
    como a justiça.
    Apenas como elas.
    Mas brilha.
    Não na distância. Aqui
    No meio de nós.
    Brilha.

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