30/09/2015

LIGA DE INSTRUÇÃO

   Agora que começou um novo ano letivo nada melhor que recordar o “Estado da Instrucção no Districto de Vianna do Castello”, há mais de 100 anos.


   Este postal tem sido alvo de referências em alguns artigos publicados em edições periódicas vianenses.
  Nos Cadernos Vianenses, tomo VIII, num artigo intitulado “Mestres, Alunos, e Aulas em Viana”, de Maria Emília Sena de Vasconcelos, páginas 57 a 122, aparece retratado na página 117.
   No XIII volume de “A Falar de Viana”, publicações anuais dedicadas à Romaria da Sª d’ Agonia em “Estórias de Postais, Postais com História”, páginas 227 a 231, de Gonçalo Fagundes Meira aparece reproduzido na última página do artigo.
  Na imagem é apresentada uma réplica do postal publicado pela Liga d’ Instrução de Viana do Castelo, no qual é descrito o “Estado da Instrucção no Districto de Vianna do Castello” no ano de 1908.  Refira-se que, segundo informação recolhida, esta Liga foi precisamente criada para combater o analfabetismo.
  Na imagem é possível constatar que os aspetos negativos aparecem realçados (figuras maiores), uma vez que representam dados mais elevados.
  Dados que é possível recolher relativos à data de 1908:
  •   existiam 109150 mulheres e 56150 homens analfabetos, enquanto 38050 homens e 11900 mulheres sabiam ler;
  •   nas 284 freguesias do distrito de Viana havia 206 escolas, 153 professores e 71 professoras;
  •   anualmente frequentavam as escolas 1850 alunas e 6400 alunos, fazendo exames 124 alunas e 518 alunos;
  •   nas 284 freguesias do distrito de Viana do Castelo faziam falta por cada 100 analfabetos 1400 escolas, 1020 professores e 300 professoras.

  Como se pode constatar, já nessa altura havia muito por fazer ao nível da educação…

José Carlos Carvalhido

29/09/2015

GUARDA-CHUVA



   Ontem, dizia-se que o guarda-chuva era uma novidade para a época, o que nos aguçou a curiosidade.
  Pelos vistos, chegou à Península Ibérica no século XVIII, mas os Chineses já o tinham inventado 3 000 anos antes. Os Espanhóis conheceram-no no México. Contudo, os Ingleses foram os maiores divulgadores deste ornamento: 

   Na aceitação do guarda-chuva teve um papel importante uma excêntrica personagem da pequena nobreza , Jonas Hanaway, verdadeiro apóstolo do guarda-chuva. Conhecera-o na Rússia e começou a apreciar tanto o seu uso que nunca o largava. Apresentava-se de guarda-chuva na mão, tanto nos círculos elegantes como nos bairros operários, sempre alheio aos assobios e insultos de vândalos da rua e sem prestar atenção aos protestos dos cocheiros que viam no guarda-chuva uma obscura ameaça. De tudo se defendia o elegante senhor Hongway, brandindo o guarda-chuva e gritando como um iluminado: «Deixem passar os novos tempos...»

  (Esta interessantíssima personagem merece um artigo, e vai tê-lo)
  
  A transcrição e outras informações aqui apresentadas foram retiradas desta curiosíssima obra que a BE empresta.

                      

28/09/2015

DALTONISMO

                                   

John Dalton (1766-1844), como era comum na época, dedicou-se a várias ciências como a Química, a Física,a Metereologia e a Botânica. Nascido no Lake District, local de nascimento de Wordsworth, vai ser influenciado por essa paisagem idílica nos seus estudos. Oriundo de uma família Quakermodesta, Dalton foi:
  exemplo clásico do pedagogo nato. Frequentou, em criança, uma escola Quaker, a cerca de quatro quilómetros de Eaglesfield - ia e vinha a pé todos os dias, claro - mas aos doze anos abriu na terra natal uma escola própria "para ambos os sexos em termos razoáveis". Dois anos depois (1781) juntava-se ao irmão Jonathan como regente duma escola Quaker dirigida por um primo em Kendal, a cerca de setenta quilómetros de distância. Fez a viagem a pé, como era hábito nesse tempo, mas bem-vestido, guarda-chuva (uma novidade da época!) numa das mãos, saco de roupa na outra, cioso da sua responsabilidade como jovem adulto. Tinha quinze anos ... (Haja luz!)
   Em Kendal trabalhou com John Gough, matemático, para quem Dalton lia e desenhava diagramas, pois Gough era cego. O primeiro trabalho científico de Dalton foi a medição da quantidade de alimentos ingeridos e das fezes e urina expelidos e da sua relação com o estado de saúde do doente. Seguiram-se as observações meteorológicas, que se tornaram um passatempo até ao final de vida.
   Aos 26 anos, quando classificava flores e estudava Botânica, apercebeu-se que via as cores de forma diferente das outras pessoas, embora acontecesse o mesmo com o irmão. Como aconteceu com a experiência da digestão, Dalton usava o seu corpo para estudo. Segundo ele, o problema residia na coloração azul do humor vítreo dos olhos. Thomas Young, de novo ele, autor do trabalho O mecanismo do olho, interessa-se pelo problema, atribuindo-o às propriedades vibratórias da retina. Dalton pediu para ser autopsiado para poder provar a sua teoria - não tinha razão.
     A protanopia - cegueira em relação ao vermelho - é conhecida, como se compreende, por Daltonismo.

AS TAMPAS CONTINUAM

 A campanha Das tampas ... faz-se luz, iniciada no ano letivo passado, continua. As tampas reunidas ainda não são suficientes, pelo que é necessário continuarmos a juntar tampas de plástico para enviar para a EB da Abelheira.
  Para nos lembrarmos de que podíamos ser nós a estar na mesma situação, recordamos um êxito dos anos 60 de Violeta Parra - Gracias a la vida -  cantada, também, por Joan Baez..

     Gracias a la vida que me ha dado tanto
     Me dio dos luceros que quando los abro
     Perfecto distingo lo negro del blanco
     Y en el alto cielo su fondo estrellado
     Y en las multitudes el hombre que yo amo.


27/09/2015

ROSETA


                            

   Pierre-François Bouchard, militar francês que participava numa das campanhas napoleónicas no Egito, em 1799, tropeçou numa pedra gravada, enquanto procediam a obras num forte, na cidade de Roseta. Após a capitulação de Alexandria, a pedra foi trazida para Londres, onde se encontra no British Museum
   A Pedra de Roseta, um bloco em granito a que foi aplicado uma cera para a proteger e que lhe deu a cor negra, aprsenta três inscrições do reinado de Ptolomeu V, cerca de 195 a.C. Como os três textos, em línguas diferentes - egípcio antigo, demótico e grego antigo -, têm o mesmo conteúdo, permitiram que fosse encontrados pontos comuns que levaram à decifração dos hieróglifos egípcios.
   Desde a sua descoberta despertou um enorme interesse entre os estudiosos da época e das várias societies europeias. Entre eles, Thomas Young, de quem voltaremos a falar.
  Finalmente, Faz-se luz, quando a 27 de setembro de 1822, o filologista Jean-François Champollion (1790-1832), anuncia em Paris que tinha a transcrição integral dos textos.


  O Egito, desde 2003, reclama a devolução da Pedra

26/09/2015

GERSHWIN

  Entre o grupo da Lost Generation, encontramos George Gershwin, um músico americano que, nos anos 20, viveu em Paris para estudar composição, entre outros, com Maurice Ravel, que temia que o estudo da música clássica o afastasse da música que já compunha. Ravel chegou mesmo a dizer-lhe: Para quê ser um Ravel de segunda, quando pode ser um Gershwin de primeira?
   Em 1928, no Carnegie Hall, era estreado Um americano em Paris, fruto dessa estadia na Europa, e que, rapidamente se tornou um sucesso.


    Raphosody in blue, uma obra para piano e orquestra, já tinha sido composta em 1924. Quem viu Manhattan, de Woody Allen ((1979), certamente, não se esquece das primeiras imagens do filme e do solo de clarinete que abre esta obra.  Na versão aqui apresentada, ao piano e a dirigir a orquestra, temos Leonard Berstein, outro senhor da música. 



  Em parceria com Ira, o irmão, cria espetáculos musicais como Show girl, Girl Crazy, com canções de grande sucesso - Embraceable you, I got rhythm.

  A Grande Depressão vai impedir que Porgy and Bess (1935) seja o êxito de bilheteira esperado. Dessa ópera folk, baseada no livro Porgy, de DuBose Heyward, passada numa comunidade negra da Carolina do Sul, ficou-nos temas como Summertime, com inúmeras versões.



  George Gershwin nasceu em 26 de setembro de 1898, filho de imigrantes do leste da Europa que, cedo, se aperceberam que os judeus iriam ter uma vida muito difícil fora do novo mundo.

25/09/2015

PORDATA PARA MIÚDOS

   Qualquer investigador, ou simples curioso, que necessite de dados estatísticos sabe que PORDATA é uma ferramenta fundamental.
    Exemplo, o BI de Portugal:

BI de Portugal
19601981200120112014
População (milhares)8.865,09.851,310.362,710.557,610.401,1
Idosos por cada 100 jovens-45,4101,6125,8138,6
Famílias2.356.9822.924.4433.650.7574.043.726-
Alojamentos familiares--5.357.9005.878.8875.936.689
Taxa de analfabetismo (%)-18,69,05,2-
% população com ensino superior--6,813,216,5
Taxa de desemprego (%)--4,012,713,9
Pensões da Seg. Social e CGA em % da população-25,134,039,4-
PIB per capita (preços constantes 2011)3.463,29.016,016.398,616.686,3Pre16.175,3

  Há poucos dias, fomos brindados com PORDATA KIDS que deve ser utilizado nas Escolas, de modo a que os alunos dos 8 aos 12 anos se habituem a utilizar a estatística.  

SABIAS QUE...

... cada um de nós produziu, em média, cerca de 450 quilos de lixo em 2012?
É mais ou menos aquilo que um cavalo pesa. Surpreendente, hã?

24/09/2015

VENCIDOS DA VIDA E OUTROS

  No século XIX, em Portugal, os   Vencidos da vida formavam uma elite cultural, escritores, políticos, aristocratas, que se reunia no Tavares, e a que Eça de Queirós, um dos seus membros, chamava grupo jantante.
 Durante a I Guerra e até à Grande Depressão, Ernest Hemingway popularizou o termo Lost Generation para designar uma elite de escritores - T. S. Eliot, John dos Passos, John Steinbeck, William Faulkner, Franz Kafka, Aldous Huxley, músicos - Prokofiev, Gershwin, Copland, artistas - Isadora Duncan, jornalistas, de diferentes nacionalidades, que viviam em Paris, uma geração de expatriados, desiludidos, que procuravam viver a vida e aproveitar cada momento.


   Scott Fitzgerald, escritor norte-americano, nascido a 24 de setembro de 1896, foi um dos elementos desse grupo, assim como a sua mulher Zelda, também escritora. A sua vida de glamour, embora sempre com problemas financeiros, quer nas estadias em França, quer em Nova Iorque e Hollywood, ficou sempre ensombrada pela esquizofrenia de Zelda.
   A relação com os amigos - Hemingway, Erza Pound, Gertrude Stein - os ciúmes de Zelda, as festas, as depressões, a França dos anos 20, podem ser seguidos na leitura da autobiografia da primeira mulher de Hemingway - Paula McLain - The Paris wife.
  De entre as suas obras - Este lado do paraíso, Belos e malditos, Suave é a noite, O último magnata - destaca-se O grande Gatsby, retrato fiel de uma época, de uma forma de vida, que Fitzgerald viveu, que deu origem ao filme com o mesmo nome, de 1974 (sucesso para o qual muito contribuiu Robert Redford...)


  Um dos contos que escreveu, também, foi adaptado ao cinema, em 2008, O estranho caso de Benjamin Button





23/09/2015

AVIÕES E TÉNIS

   No fim de semana que passou, Viana do Castelo recebeu tenistas da Bielorrússia para mais uma etapa da Taça Davis, uma das importantes provas internacionais da modalidade.


   Esse acontecimento, ligado a uma efeméride de hoje, fez-nos recordar o torneio de Roland Garros, um dos quatro do Grand Slam - Open da Austrália, Wimbledon e o US Open - que deve o seu nome a um dos pioneiros da aviação. Eugène Adrien Roland Garros começou a sua carreira em 1910, participando em várias provas, como a de Paris Madrid, em 1911. 


   A 23 de setembro de 1913, realizou a primeira travessia do Mediterrâneo, entre Fréjus, no sul de França, e Bizerte, na Tunísia, num Morane-Saulnier G (fotografia). Lutou na I Guerra, tendo sido feito prisioneiro, quando o avião que pilotava teve de aterrar na Alemanha, só conseguindo escapar em 1918.
   Como reconhecimento do seu desempenho na aviação civil e militar, foi dado o seu nome, em 1920, ao centro de ténis que frequentava quando estudava em Paris - Stade Roland Garros e, consequentemente, ao torneio.

22/09/2015

OUTONO



      Outono

        Tarde pintada
     Por não sei que pintor.
     Nunca vi tanta cor
     Tão colorida!
     Se é de morte ou de vida,
     Não é comigo.
     Eu, simplesmente, digo
     Que há fantasia
     Nesse dia.
     Que o mundo me parece
     Vestida por ciganas adivinhas.
     E que gosto de o ver, e me apetece
     Ter folhas como as vinhas.


Miguel Torga

  Para acompanhar o poema e dar as boas-vindas ao Outono, Autumn in New York, um clássico do jazz, composto por Vernon Duke, 1934, aqui numa das múltiplas versões - John Coltrane e Stan Getz.


    Ou este quadro de Gustave Coubert - Floresta no outono.                                

21/09/2015

LÁPIS


 Neste início de ano letivo, com a compra de uma quantidade apreciável de livros e material escolar (Claro que o do ano passado já foi à vida...) vamos apresentar algumas curiosidades sobre um material que nem todos gostam de utilizar - o LÁPIS. Económico, prático degradável - por que é que não é mais oferecido em campanhas publicitárias? - , já aqui tinha sido apresentado.
 Hoje, apelando ao seu uso, apresentamos algumas curiosidades (pesquisadas no sítio do costume...).
  Em 1565, já era usado, na escrita e no desenho, o "chumbo preto" e, em 1662, já se fabricavam barras de grafite.
    Kasper Faber, um carpinteiro de Stein, em 1761, teve a ideia de encastrar uma barra fina de grafite em duas tiras de madeira que depois colava. O sucesso foi de tal monta, que a firma Faber-Castell ainda hoje está na posse da mesma família.
   Claro que, devemos preferir os lápis portugueses da Viarco, de muito boa qualidade.



  O único que nunca mais deve ser usado é o lápis azul da censura.
   



20/09/2015

MNEMÓNCAS

 Quando quase tudo o que aprendíamos era decorado, construímos mnemónicas que no facilitavam o processo.
  Depois de uma fase oposta, em que nada podia ser decorado, chegamos a um termo médio - devemos perceber e devemos guardar na memória. A tabuada era "cantada" e quem não se lembra:
    Pitágoras de Siracusa
    Disse um dia aos seus netos:
    - O quadrado da hipotenusa é igual
    à soma do quadrado dos catetos. 

  Trinta dias tem setembro, abril, junho e novembro, vinte e oito terá um e os ma têm trinta e um.
  
  Em francês, as exceções do plural das palavras terminadas em ou - x e não s - eram também uma "cantilena":
   Bijou, caillou, chou,
   Genou, hibou, joujou...
   Pou!

   Ainda, os mais velhos, trauteiam uma das canções mais famosas de Música no coração - Do Re Mi...


 Do = doe - a female deer
 Re = ray - a drop of golden sun
 Mi = me - a name I call myself
 Fa = far - a long, long way to run
 So = sew - a needle pulling thread
 La = la - a note to follow "so"
 Ti = tea - a drink with jam and bread.

  Os ingleses são os grandes construtores de mnemónicas, como as recolhidas em 


 Como gostaríamos que em português houvesse um equivalente a:

    Three little words you often see
    Are articles: a, an and the.

    A noun's the name of any thing,
    As: school or garden, toy or swing.

    Adlectives tell the kind of noun,
    As: great, small, pretty, white or brown
     .....

    Se souberem de mais mnemónicas, enviem-nas para aqui.

19/09/2015

AVARIA


  UMA ARRELIADORA AVARIA DA ZON ESTÁ A IMPEDIR A MANUTENÇÃO DESTE BLOGUE.

  ATÉ AMANHÃ-

18/09/2015

REFLEXÃO PARA PAIS

                                   
  Algumas opiniões sobre Educação, por ordem cronológica de publicação, para ler e meditar:
  
  Aprende-se tudo, menos a discorrer, a descobrir, a pensar, a sentir, a sentir conscientemente, analisando, criticando, dominando a sensação. Tem-se uma educação por via da qual se pode chegar a ser um bacharel, um deputado, um escritor, um empregado público, talvez mesmo um sábio, mas nunca um homem.
Farpas, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão
 

  Os pais não leccionam, mas orientam os seus filhos nos estudos e mostram-lhes sobretudo que estudar, ... é um imperativo, e que o estudo não é uma actividade lúdica, mas sim um trabalho que deve ser desenvolvido com dedicação, esforço, determinação e por vezes com sacrifício.

  Os pais,..., devem estar presentes, atentos, integrando o processo educativo dos seus filhos sem cair na tentação de entregar esta tarefa apenas aos professores. Afinal, os pais são, em última análise, os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos.
Se não estudas estás tramado, Eduardo Marçal Grilo 

  Preocupe-se em aprender, em instruir-se, leia muito e variado. Muitos livros, muitos autores de diferentes géneros. Veja documentários elaborados com seriedade e rigor.

  ... quem tem cultura é capaz de escrever, de pensar, de refletir... 
O clube secreto dos poderosos, Cristina Martín Jiménez 

17/09/2015

GUERRA JUNQUEIRO

            

  A Pátria esteve várias vezes em crise social, política e económica. Em 1890, mais uma crise leva ao Ultimatum imposto pelos ingleses. Finis Patriae, um violento ataque a Inglaterra, foi, então, escrito pelo poeta Guerra Junqueiro.
   Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta, no dia 17 de setembro de 1850. Poeta satírico, tradutor de contos de Hans Christian Andresen, crítico do Romantismo e da Igreja (que muito o criticou pela publicação de A velhice do Padre Eterno) foi um dos apoiantes da Revolução de 5 de outubro. Funcionário público, foi nomeado secretário do Governo Civil de Angra do Heroísmo, cargo que, mais tarde, desempenhará em Viana do Castelo. Sobre esta estadia, António Pimenta de Castro escreveu:
 Foram tempos felizes, aqueles que Guerra Junqueiro viveu na Princesa do Lima. Em Viana do Castelo, teve o que sempre pediu à Vida: «casa com um berço, terra com água, verdura com pássaros, tudo a Vida generosamente me ofereceu.». Aí encontrou o grande amor da sua vida, Filomena Augusta da Silva Neves, a sua «Meninha», aí se casou, aí lhe nasceram as suas duas filhas e aí escreveu grande parte da sua obra. Foi em Viana do Castelo, com o meigo clima da capital do Alto Minho, onde se recompôs dos achaques do corpo e da alma. Junto do Lima, do feiticeiro Lethes, o rio do esquecimento da mitologia, inspirado pelas suas musas, esqueceu os tempos maus e o seu estro encontrou o clima psicológico e mesmo físico, propício à criação literária. Aqui, o egrégio Poeta sentiu-se feliz e despreocupado, sendo, em Viana do Castelo, que nasceu a sua paixão pelas antiguidades e pelo bricabraque, dando início à sua famosa e monumental, colecção de obras de arte. 
  Dos tempos de Viana, como diz Pimenta de Castro nasceu a sua paixão pelas antiguidades, muitas das quais podem ser vistas em duas casas da Rua D. Hugo, no Porto - Casa-Museu Guerra JunqueiroMuseu da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro
  Guerra Junqueiro foi um dos célebres Vencidos da Vida. Morreu em 1923 e encontra-se sepultado no Panteão Nacional.
  Das suas obras, podemos ainda destacar - A Pátria, Oração ao Pão, Oração à luz,  e colaboração em diversas revistas, como A ilustração portuguesa, Renascença, O Ocidente.
 

16/09/2015

BOCAGE, LUNARDI E O BALÃO




  O desejo do Homem voar já vem de Ícaro, passa por Bartolomeu de Gusmão e a sua Passarola (ler Memorial do convento, de José Saramago) e, chegados a 1793, surge-nos, em Lisboa, e, mais tarde, no Porto, Lunardi

O balão de Lunardi, em Oxford Street
  Lunardi montou uma barraca no Terreiro do Paço e aí instalou o globo aerostático para gáudio do público que pagava cem réis por entrada( o preço baixou depois para vinte réis ou um vintém); aos domingos fazia-se a demonstração da preparação do hidrogénio. O pior é que Lunardi caiu sobre a alçada de Pina Manique, que o mandou prender, a pretexto dumas licenças e editais. Correram boatos que o acusavam de feitiçaria ou, no mínimo, de ser estrangeiro dado a actividades subversivas. Com o tempo, tudo se foi esclarecendo e Lunardi obteve as necessárias autorizações. (...) a viagem aérea ficou marcada para 24 de Agosto de 1794, (...) Pelo sim, pelo não, Pina Manique mandou infiltrar a multidão de espectadores com polícias à paisana.
  (O resto do texto podem ler em Haja luz!)

 Bocage escreve, então, um Elogio poético à admirável intrepidez com que em domingo 24 de Agosto de 1794, subio o Capitão Lunardi no balão aerostático, um poema de quinze estrofes de oito versos cada. Compara o feito com os Descobrimentos:
  
  Gamas, Colombos, Magalhães famosos.

  Eternos no áureo Templo da Memória,

  Sirtes domando os Mares espantosos.
  De assombros mil e mil dourais a História;
  Mas ir dar leis aos ares espaçosos
  É triunfo maior, e até mais glória.
  Porque não traz à louca, à cega Gente
  Os males de que sois causa inocente.

  (...)

  Guardai da Glória no imortal Tesoiro

  O nome de Lunardi em letras de oiro.



  (Todo o poema pode ser lido no De Rerum Natura.)

 Segundo Jorge Calado, Lunardi faleceu em 1799, em Lisboa. Contudo, Rómulo de Carvalho consultou todos os livros de óbitos da Torre do Tombo e não encontrou qualquer registo do seu falecimento.