30/04/2016

ABRIL 13

 O Movimento Nacional Feminino e o jornal O Século organizaram O Grande Concurso Ié-Ié a favor das Forças Armadas no Ultramar. A final realizou-se no Monumental, no dia 30 de abril de 1966, depois de meses de eliminatórias.



  O conjunto Os Sheiks, vencedores da 7ª eliminatória, nõ puderam estar presentes na final, o que deu lugar a comunicado e reposta por parte do Movimento Nacional Feminino. 


 A final foi acidentada, uma vez que nem toda a assistência concordou com a votação do júri, tendo sido ganha pelos Claves.

   
  Não houve nova edição...

29/04/2016

ABRIL 12

 Criado em 1933, por António Ferro, o Secretariado de Propraganda Nacional (SPN), em 1945, passou a chamar-se Secretariado Nacional de Informação (SNI), agência de propaganda do país, durante o Estado Novo. Responsáveis pela criação das Pousadas, do concurso das aldeias mais portuguesas



do bom clima português e da promoção turística, como se pode constatar neste cartaz em inglês, com recurso a um jogo de palavras.


 Dentro dessa promoção, instituiu-se a campanha Abril em Portugal, com uma campanha de boas-vindas a todos os turistas, a RTP a cobrir a chegada ao aeroporto e ao terminal dos cruzeiros e a entrega de pequenas lembranças, logo no início do mês de abril.
  Raul Ferrão e José Galhardo tinham escrito, nos anos 30, a canção Coimbra que, Amália vai interpretar, em 1947, no filme Capas Negras, passando a fazer parte do seu reportório.

  
 Torna-se, assim, uma canção conhecida mundialmente, primeiro traduzida em francês - Avril au Portugal - seguida de interpretações em várias línguas e por artistas como Bing Crosby e Loius Armstrong, a cereja no topo do bolo, o tema de toda a campanha do SNI.


 É sem qualquer dúvida a canção portuguesa mais conhecida e mais tocada.

28/04/2016

ABRIL 11


   Desses primeiros dias recordo a festa, uma espécie de plenitude, um estado de graça. E também uma irresistível subversão que mudava os hábitos, a linguagem, os comportamentos. Todos eram revolucionários, todos tinham feito a sua opção de classe. Lembrei-me do que tinha dito Garrett, depois da vitória da Revolução Liberal: os revolucionários que a tinham dirigido pareciam conservadores, os que pouco ou nada tinham feito arvoravam-se em mais liberais do que os liberais. (...)
  O certo é que estávamos de novo em casa, na Pátria libertada, a viver um momento único, como se a História tivesse acelerado e irrompesse dentro de cada um de nós, para mudar a vida e abrir um horizonte onde tudo parecia ser possível. Isso foi o essencial dos primeiros dias da Revolução de Abril, cuja primeira dimensão é a liberdade.

Manuel Alegre, Uma outra memória

27/04/2016

ABRIL 10

 Entre1974 e 1979, no Brasil, era Presidente Ernesto Geisel. O cantor e compositor Chico Buarque, empolgado com a revolução dos cravos, escreve e grava Tanto mar. Mas a ditadura brasileira não permite que toda a letra seja cantada, apenas acontecendo na versão editada em Portugal, principalmente por causa dos versos:
 Lá faz primavera, pá, a revolução, Cá estou doente, a ditadura.


      Sei que estás em festa, pá
      Fico contente
      E enquanto estou ausente
      Guarda um cravo para mim

      Eu queria estar na festa, pá
      Com a tua gente
      E colher pessoalmente
      Uma flor do teu jardim

      Sei que há léguas a nos separar
      Tanto mar, tanto mar
      Sei também quanto é preciso, pá
      Navegar, navegar


      Lá faz primavera, pá
      Cá estou doente
      Manda urgentemente
      Algum cheirinho de alecrim




26/04/2016

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO


   O poeta Mário de Sá-Carneiro suicidou-se em Paris, no dia 26 de abril de 1916. De entre a correspondência que enviou a Fernando Pessoa, encontra-se o bilhete onde escreveu:
  Um grande, grande adeus do seu pobre Mário de Sá-Carneiro.
  Alguns dias antes, a 18 de abril, já tinha escrito, também a Pessoa: Escreve-me muito - de joelhos lhe suplico. Não sei nada, nada, nada. (...) Tenha muita pena de mim. E no fundo tanta cambalhota. E vexames. Que fiz do meu pobre Orgulho? Veja o meu horóscopo. É agora, mais do que nunca, o momento. 
  Estes e outros manuscritos podem ser vistos em Paredes de Coura na exposição evocativa do centenário da morte de Sá-Carneiro - mil anos me separam de amanhã - até ao dia 22 de maio.


  A exposição termina numa sala com chocalhos e com o poema 
     Quando eu morrer batam em latas,
     Rompam aos saltos e aos pinotes,
     Façam estalar no ar chicotes,
     Chamem palhaços e acrobatas!
   
     Que o meu caixão vá sobre um burro
     Ajaezado à andaluza
        A um morto nada se recusa,
     Eu quero por força ir de burro.


25/04/2016

ABRIL 9



O Dia da Liberdade
25 de Abril

    Este dia é um canteiro
    com flores todo o ano
    e veleiros lá ao largo
    navegando a todo o pano.
    E assim se lembra outro dia febril
    que em tempos mudou a história
    numa madrugada de Abril,
    quando os meninos de hoje
    ainda não tinham nascido
    e a nossa liberdade
    era um fruto prometido,
    tantas vezes proibido,
    que tinha o sabor secreto
    da esperança e do afecto
    e dos amigos todos juntos
    debaixo do mesmo tecto.

José Jorge Letria, O livro dos dias

24/04/2016

ABRIL 8




             Ficaste na pureza inicial
             do gesto que liberta e se desprende.
             Havia em ti o símbolo e o sinal
             havia em ti o herói que não se rende.
             Outros jogaram o jogo viciado
             para ti nem poder nem sua regra.
             Conquistador do sonho inconquistado
             havia em ti o herói que não se integra.
             Por isso ficarás como quem vem
             dar outro rosto ao rosto da cidade.
             Diz-se o teu nome e sais de Santarém
             trazendo a espada e a flor da liberdade.

Manuel Alegre

23/04/2016

APRIL 7

 No Dia do Livro convém sempre recordar alguns dos livros que estiveram proibidos.







  William Shakespeare, que morreu faz hoje 400 anos, também viu alguns dos seus títulos proibidos. Apenas como exemplo, em 1980, a peça O mercador de Veneza e, em 2012/13, Romeu e Julieta, um dos títulos que os pais tentaram retirar das bibliotecas escolares. Em que país do terceiro mundo? Nos ... Estados Unidos, no Michigan e no estado da Carolina do Sul...

22/04/2016

ABRIL 6

 Durante toda a semana falamos às turmas sobre o país e o mundo antes do 25 de abril. Escolhemos o primeiro  verso de um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen como título para a sessão - Esta é a madrugada que eu esperava.



  Falámos de ditadura, de repressão, de eleições, de polícia política, de censura, de guerra colonial, de crises académicas, de emigração, de maio de 68, de estadistas mundiais, da Coreia, do Vietname, etc. etc. Mas também conversámos sobre moda, automóveis, Woodstock, Vilar de Mouros, de televisão, da rádio, de festas, de eletrodomésticos e muitas curiosidades. Ouvimos relatos dos alunos sobre a participação dos avós em França, na guerra colonial e um testemunho muito interessante, e mais raro, sobre um avô que esteve prisioneiro na Índia. 
 As sessões estavam programadas para 90 minutos, mas algumas duraram bastante mais, como esta com o 12º ano.


21/04/2016

ABRIL 5


  A liberdade não é uma filosofia e nem sequer uma ideia: é um movimento de consciência que nos leva, em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: sim e não.
Octavio Paz

 É importante aprender o inglês. Mas antes de aprender o inglês é importante aprender o português. Falar e escrever correctamente a nossa língua é um acto de liberdade e de afirmação da nossa identidade cultural. Um acto de soberania, individual e colectiva. Um acto de resistência, de sobrevivência e de homenagem àquela «lusitana liberdade» de que falou Luís de Camões.
Manuel Alegre

 Não há meias liberdades. Quando se ameaça a liberdade de alguém, ameaça-se a liberdade de todos.
André Malraux

20/04/2016

ABRIL 4

 Já aqui escrevemos sobre Trovas do vento que passa, Hoje, vamos saber como nasceu esta canção de Adriano Correia de Oliveira, segundo Manuel Alegre, no livro aqui referido há dias:

  Recordo, por exemplo, a primeira vez que foi cantada a «Trova do Vento Que Passa», numa festa de recepção aos caloiros da Faculdade de Medicina de Lisboa, ..., pouco depois de eu ter saído da prisão. Foi a coragem do Adriano que tornou possível o lançamento da «Trova do Vento Que Passa», que viria a tornar-se numa espécie de hino do movimento estudantil. (...)  cuja música tinha sido composta na véspera, em Coimbra, pelo António Portugal, foi imediatamente adoptada pelos estudantes  que enchiam a sala por completo. O Adriano teve de repeti-la cinco ou seis vezes. Depois saímos para a rua a cantar em coro. 

19/04/2016

ABRIL 3


Liberdade

Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quanto não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada

Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir.


                                                                  Sérgio Godinho


18/04/2016

ABRIL 2


   Sobre este último livro de Manuel Alegre, Eugénio Lisboa, no Jornal de Letras último, escreve: « Sumo oficiante de uma arte poética moderna, Alegre é igualmente de uma prosa lavada, certeira, assertiva, musical, percetiva e... inevitável.»
  Poeta do antes e do pós 25 de abril, foi  na comemoração dos 40 anos que escreveu:
  É um caso único na História de que devemos ter orgulho.Revolução pioneira e precursora: pela primeira vez numa situação revolucionária, a democracia venceu.  O 25 de Abril mostrou ao mundo que era possível passar da ditadura para a democracia sem cair numa nova ditadura.
  A eles, autor e livro, voltaremos.

17/04/2016

ABRIL



   O meu pequeno país: nós não sabíamos,
   nós não acreditávamos que mudasse.
   Acreditar na Revolução é pedir o impossível
   E nós pensávamos que, como os nossos pais,
   iríamos continuar o resto da nossa vida
   a pedir o impossível. Ou aqui, na dura pátria,
   mãe pobre de gente pobre,
   usando a profissão liberal que nos fosse autorizada,
   para brincar ao gato e ao rato com a Polícia,
   ou no exílio, para fugir à guerra.
   Nós nunca percebemos
   o possível.

  Lendas da Índia, Luís Filipe Castro Mendes

16/04/2016

LE BRUN

  Quando falamos de Le Brun vem-nos à memória o grande pintor de Luís XIV e de Versalhes, Charles Le Brun (1619-90).



  Anos depois, uma rainha e, de novo, Versalhes, vão proteger, admirar e encomendar retratos a uma Le Brun, por casamento, Loiuse Élisabeth Vigée Le Brun, nascida a 16 de abril de 1755, em Paris.
autoretrato
  Admirada por Maria Antonieta, pintou-a, assim como a muitas mulheres da corte, tornando-se a pintora da moda, com centenas de retratos e paisagens.



A pintora com a filha

15/04/2016

CHUVA, CHUVA, CHUVA...




           Cai a chuva, ploc, ploc
           corre a chuva ploc, ploc
           como um cavalo a galope.
           Enche a rua, plás, plás
           esconde a lua, plás, plás
           e leva as folhas atrás.
           Risca os vidros, truz, truz
           molha os gatos, truz, truz
           e até apaga a luz.
           Parte as flores, plim, plim
           maça a gente plim, plim
           parece não ter mais fim.
A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Luísa Ducla Soares

14/04/2016

LANGUIER

  Desde sempre que imperadores, reis, nobres e mesmo o comum dos mortais temem ser, acidentalmente ou não, envenenados. Era muito usual haver um provador que ingeria a comida e ficavam à espera do resultado. E se o veneno demorava a fazer efeito?
  No livro D. Fernando, de Rita Costa Gomes, encontramos uma passagem sobre languier, pois D. Fernando temia ser envenenado.
  Este era um temor constante que se exprimia no uso documentado, na corte portuguesa, de toda a sorte de amuletos e práticas para detectar a presença de venenos nos alimentos. Sobreviveu inclusive um exemplar curiosíssimo de um objecto associado à mesa real, provavelmente trazido da área mediterrânica, (...) Tratava-se de um pequeno suporte em forma de arborescência com cerca de 30 cm de altura e encastoado em prata dourada, (...) Este belo objecto foi doado pela rainha D. Isabel de Aragão ao Convento de Santa Clara de Coimbra e, posteriormente, transformado em relicário.
 O languier descrito não seria muito diferente deste que encontramos num museu francês.


 Segundo se pensava, as pedras, em contacto com o veneno, mudavam de cor.


  Conhecemos testemunhos de pessoas que, há relativamente pouco tempo, utilizavam um objecto de prata que, colocado no recipiente onde eram cozinhados cogumelos selvagens, se não ficasse escuro dava toda a garantia quanto a esses cogumelos. Felizmente que quem os apanhava sabia o que estava a fazer, pois o método não era nada científico...

13/04/2016

ODISSEIA DE UMA GARRAFA

  TAMPAS EM MOVIMENTO,  que está na sua fase final e com os excelentes resultados que aqui iremos apresentar, também ajudou a "salvar" toneladas de tampas de plástico de todos os tamanhos e cores. 
  E as garrafas e outros recipientes de onde as tampas foram retiradas? Tiveram, com certeza, um destino bem diferente da garrafa do vídeo.


12/04/2016

REALIDADE

 Este vídeo é por mais conhecido de todos. Nele, um livro é apresentado como um objeto desconhecido. Felizmente, estamos perante uma ficção e não da realidade.


  O que, infelizmente, já não é ficção é a necessidade que alguns têm de ver, ouvir e entender tudo através de um ecrã. Conversar, seguir uma palestra, uma discussão tem de estar "dentro" de um ecrã mesmo que aquilo que se diz não precise de outro suporte.
  A própria realidade é mais "real" se estiver dentro de uma "caixinha". A vida real é a ficção. A realidade pode estar ao lado, "ao vivo", mas não é a mesma coisa.
  Esta imagem é bem a realidade atual.


11/04/2016

POLITICAMENTE CORRETO

   Todos se devem lembrar do conto O velho, o rapaz e o burro, assim como do provérbio preso por ter cão, preso por não ter.


  Vem tudo isto a propósito da campanha E se fosse eu? Por um lado, e para uns, a Escola tem de chamar a atenção para os refugiados, pelo outro, e para outros, a Escola não deveria sujeitar os alunos a esse exercício, como se pode ler em Brincar com coisas sérias,  onde se escreve que  «Para as crianças o exercício deve ser muito engraçado, já que, da mesma forma que brincam aos polícias e aos ladrões, também podem brincar aos refugiados». Não, as crianças e adolescentes não brincaram aos refugiados - interessaram-se, reflectiram-se, preocuparam-se, colocaram-se na posição do outro.
   Como o que é preciso é ser falado e lido, os clientes das redes sociais do politicamente corretos "atiraram os cães" à escolha de Joana de Vasconcelos por ela ter "ousado" dizer que levava as jóias. Será assim tão errado? Não lhe serviriam para pagar comida, roupa, transporte, medicamentos? Deixava-as escondidas numa casa onde não teria possibilidade de voltar?
  Começo a ficar cansada de tanto politicamente correto, de tudo tão desinfetado, de tanto sem açúcar, de tanto incolor, inodoro, de tanto saudável, de tanto pensantes tão corretos, tão sábios, tão, tão, num mundo cada vez mais tolo, mais insensato, mais faz-de-conta.
  Se fosse eu, levava um disco externo com fotografias, dinheiro, uma muda de roupa, medicamentos, um livro (difícil decidir qual), papel, lápis e objetos de valor, incluindo «jóias» que me permitissem menorizar a minha situação. 
   Já não há pachorra!
Isabel Campos

10/04/2016

LAÇO AZUL



  A Campanha do Laço Azul começou, em 1989, por iniciativa de Bonnie W. Finney, uma avó americana que pretendia chamar a atenção para os maus tratos a que os netos eram sujeitos.


  A BE tem laços azuis para distribuir. Mas, muito mais importante do que usar um laço azul durante o mês de abril é prevenir todo o ano.


09/04/2016

NG 181

  Neste número de abril, um álbum de animais em extinção fotografados por Joel Sartore.


 O centenário da participação de Portugal na I Guerra é retratado através da colisão do caça-minas Roberto Ivens com uma mina.


  93 dias de Primavera vão lembrar-nos, com imagens lindíssimas, como a estação é bonita quando não ... chove.

08/04/2016

AS NOSSAS MOCHILAS


 Continuamos a receber fotografias das mochilas preparadas. É muito reconfortante sentir o empenho dos alunos e da tempo que têm dedicado à tarefa. Uma verdadeira resposta de Cidadania.
   A EB1 de Vila Nova de Anha também aderiu à campanha, que pode ser vista aqui.
  Todas as fotografias irão ser projetadas no polivalente durante a próxima semana.

07/04/2016

AS NOSSAS MOCHILAS



 Já podemos ver algumas das fotografias que nos foram enviadas. Alguns alunos optaram por fazer uma listagem do conteúdo das suas mochilas. O importante é que, mesmo por poucos instantes, tenhamos reflectido no drama daqueles que têm de deixar as suas casas.

06/04/2016

A MALA DE ANNE FRANK

   


  Margot e eu começámos a arrumar os nossos pertences mais importantes numa mala da escola. A primeira coisa que enfiei foi este diário. e depois frisadores de cabelo, lenços, livros da escola, um pente e algumas cartas velhas. Preocupada com o pensamento de ir para um esconderijo, enfiei as coisas mais loucas na mala, mas não me arrependo. As recordações significam mais para mim do que os vestidos. (...) Miep chegou e prometeu regressar mais tarde, levando com ela um saco cheio de sapatos, vestidos, casacos, roupa interior e meias. Depois disso ficou tudo muito silencioso no nosso apartamento. (...)
   Nós os quatro estávamos embrulhados em tantas camadas de roupa que parecia que íamos passar a noite num frigorífico. e tudo apenas para conseguirmos levar mais roupa connosco. Nenhum judeu na nossa situação se atreveria a sair de casa com uma mala de viagem cheia de roupas. (...)
   Margot atafalhou a sua mala com livros da escola, foi buscar a bicicleta e, com Miep à frente, partiu para o desconhecido. De qualquer maneira, foi isso que pensei, uma vez que não sabia que não sabia onde era o nosso esconderijo.
O diário de Anne Frank

05/04/2016

E SE FOSSE EU?


  E SE FOSSES TU?  O que levavas na tua mochila?
Envia-nos uma fotografia da tua mochila e/ou um texto/frase sobre a dificuldade que tiveste na escolha para biblioteca.ola@escolasmontedaola.pt
 

04/04/2016

O CORSÁRIO E O SAQUE DE SILVES


  Francis Drake (1540-1596) foi vice-almirante, navegador, negociante de escravos, político e corsário de Isabel I de Inglaterra.
   Como navegador, completou a segunda viagem de circum-navegação, pelo que foi armado cavaleiro a 4 de abril de 1581 (1).
  Mas, o que nos interessa hoje, é o facto de Drake, nas suas investidas na costa portuguesa, ter saqueado Silves, em 1587, e ter levado como "recordação" a importante biblioteca do bispo de Silves, D. Fernando Coutinho,  Em 1596, outro corsário, o conde de Essex, atacou Faro, também se "agradou" de uma biblioteca, a do bispo D. Jerónimo Osórioque se encontra, atualmente, na Bodleian Library, Oxford.
  Também não convém esquecer que o Tratado de Windsor é o tratado mais antigo do mundo ainda em vigor, entre Portugal e a Inglatera. Com amigos destes...

(1) Fernão de Magalhães foi o primeiro a fazer esta viagem, 1519-22.

03/04/2016

O CLIENTE

 Há tempos, foi transmitida a série Mr Selfridge que evoca a vida do comerciante americano que, em Londres, revoluciona o comércio, Harry Gordon Selfridge.


   Criador de uma grandes loja de departamentos, que ainda hoje existe, Selfridges, inventa a frase: O cliente tem sempre razão, máxima seguida pelo hoteleiro Charles Ritz, fundador da cadeia dos hotéis Ritz, que dizia aos seus empregados: Se um cliente se queixa de um prato ou do vinho, devemos substitui-lo imediatamente sem fazer perguntas.

Charles Ritz com um cliente famoso, Ernest Hemingway
 É pena que ainda haja comerciantes que ainda desconhecem estas máximas. Por essa razão, o Dia do Consumidor foi comemorado a 15 de março... 

02/04/2016

VISITA A VIANA



1909
Viana do Castelo, 2 de Abril

Em Viana, para visitar o meu amigo João Queiroz que tem casa na Areosa, o solar da Boa Viagem, alguns quilómetros a norte de Viana. almoço opíparo. À tarde leva-me à praia de Carreço onde, diz ele, é fácil encontrar pedras pré-históricas entre os rochedos. Lá vamos, pelas 3 horas. A maré está baixíssima e não há vento. A área arqueológica estende-se cerca de 1.000 metros para sul de Montedor. Ao cabo de algum tempo lá encontro um machado muito bem talhado em pedra, para partir marisco, ao que suponho, que pela aparência tanto pode ter 20 como 200 anos... O João que é engenheiro e pragmático abana a cabeça e diz convicto: «Muito mais, muitíssimo mais!» Vamos depois a pé, ao longo dum trilho paralelo à praia, em direcção a Montedor, para vermos as pias salinas pré-históricas talhadas em granito, que se estendem ao rés do chão, de um efeito muito curioso. Vamos ainda à Gelfa, alguns quilómetros para norte, onde há uma pequena praia cheia de godos enormes, lindíssimos, com cores variadas. Partimos depois para Viana e entramos pelo Campo da Agonia. Ao fundo o solar que pertenceu ou pertence à família da mulher de Guerra Junqueiro. Na sua escadaria de pedra morreu de ataque de coração o pai de Teodorico Raposo (1), quando, mascarado de urso, se preparava para ir a um baile... Para-se a charrete mas o João, conservador e monárquico, nada quer com o Junqueiro e essa história do Teodorico Raposo parece-lhe bizarra. Olha depois desconfiado para o solar, suponho que com receio de ver aparecer as barbas demagógicas e ímpias do poeta a flutuar ao vento que agora sopra forte. Vamos depois para a estação onde espero o comboio do Porto que aparece envolto em fumo e ruído.
A. Campos Matos, Diário íntimo de Carlos da Maia

(1) personagem de A relíquia, Eça de Queirós.